Nos anos que correm, desejar “feliz ano novo” é cada vez mais um ato quixotesco e cada vez menos um gesto de sincera realização. Talvez por isso mesmo o “bom ano” seja o novo politicamente correto para com sobriedade (e seriedade) saudarmos a chegada de cada ano de novas disrupções. Todos nos lembramos de como a humanidade estava entusiasmada há dois anos para sair de 2020, o Ano do Pandemia. As vacinas para a COVID-19 em perspectiva e a maioria com a esperança de que nenhum ano seguinte pudesse igualar 2020 em crueldade e disrupção. E depois vieram os anos 2021 e 2022. Em vez de reporem alguma normalidade, os últimos anos foram além de todas as expectativas pessimistas. Uma crise inflacionista, uma nova era de profunda incerteza económica. Rupturas nas cadeias de abastecimento e uma grave crise energética global. Volatilidade política crescente, menos democracia e mais extrema direita a refundar sistemas políticos. Não suficiente, e a juntar aos eventos climáticos extremos com ocorrência assustadora, os últimos dois anos trouxeram ainda o impensável: uma guerra militar em solo europeu que já dizimou milhares de vidas. E a nossa União Europeia? A Europa inicia 2023 com a mesma encruzilhada existencial com que terminou 2021 e 2022: recomeçar ou ficar paralisada, reemergir ou definhar. Ou vai na direção de uma renovação democrática, i. é., um caminho de integração federalista, onde os cidadãos terão mais voz, controlo direto e pertença política, ou vai na direção de uma ruptura democrática, onde os Erdogans, Orbans, Melonis e Le Pens se tornarão o “novo normal” da UE. De facto, basta ser realista para entrar em 2023 com poucas expectativas de normalidade e não-disrupção. Veremos o que de positivo nos trará 2023 na esperança de que a primavera seja maior do que o inverno de acontecimentos.
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