Obras na casa que saudou a implantação da República

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O edifício que melhor representa em Mortágua o ideal republicano – onde foi hasteada a bandeira da República no dia seguinte à implantação da República, em 1910 – está a ser alvo de obras de requalificação para albergar serviços públicos municipais.
Trata-se da Casa Lobo, estabelecimento comercial centenário adquirido em abril de 2021 pela Câmara Municipal de Mortágua. Agora entrou em obras, que vão durar meio ano, numa empreitada de 354 mil euros.
O edifício vai albergar vários serviços de atendimento aos munícipes, designadamente no âmbito da transferência de competências da administração central para os municipios e atividades de interesse da população e visitantes.
Com uma traça arquitetónica de casario antigo, de r/c e 1.º andar, o edifício está a ser intervencionado na sua estrutura, tendo em vista a sua adaptabilidade às novas funções.
Antes albergou o estabelecimento “Casa Lobo”, fundado em 1893, que se tornou uma referência comercial, cultural, social e até política da história do concelho. O seu fundador, Albano Moraes Lobo, foi um republicano entusiasta e dedicado, tendo sido membro do Partido Republicano Português e exercido o cargo de secretário da comissão municipal republicana.

“Escola” de formação cívica
A República confiou-lhe em 1913 o cargo de administrador do concelho, utilizando a sua casa como “escola” de formação cívica, cultural e de cidadania para os mortaguenses (à época), funcionando como local de tertúlias e de discussão de ideias, recordam os serviços municipais.
Daqui partiu a ideia da fundação da “Escola Livre” em 11 de março de 1919. Também foi o esconderijo dos livros e documentos da “Escola Livre” que o Estado Novo queria destruir. Pela Casa Lobo passaram figuras como Tomás da Fonseca, Lopes de Oliveira, Martins e Abreu (republicanos de Mortágua), mas também o jovem Zeca Afonso.
Lá nasceram os movimentos de apoio a Norton de Matos e mais tarde a Humberto Delgado, candidato que logrou vencer no concelho (o único) as eleições presidenciais em 1958.

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