Natação: “2022 foi um ano de ouro para Coimbra”

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DB/Foto de Pedro Ramos

Que balanço faz do ano 2022?

Para a natação, a nível nacional, 2022 foi um ano de transição. É um ano pós pandemia, em que temos coisas muito boas e coisas muito más. Ao nível dos resultados desportivos da alta competição, felizmente os treinadores e os atletas, com grande esforço e com a colaboração da Associação de Natação de Coimbra (ANC), da Federação Portuguesa de Natação (FPN) e das autarquias, conseguiram manter o seu ritmo competitivo e o seu dia a dia de treino.
O que é em 2022 foi mau para a natação? O problema da pandemia em 2021, levou a que as crianças deixassem de praticar, ou seja, quando tivemos limite de utilização das piscinas passámos esse limite diretamente para a alta competição e deixámos de ter escolas de natação e formação. Essa desistência deixa de criar hábitos nas crianças e isso vai ser refletido, certamente, daqui a um, dois, três anos. Em 2022, quando abrimos novamente as piscinas às escolas, já se notou essa quebra, pois as turmas são mais reduzidas. Depois, naturalmente, deixando de entrar nesse ritmo, as crianças vão desistindo e isso é algo que os clubes vão sentir primeiro e logo depois as associações.
Não podemos esquecer que a natação de competição vive das receitas da formação. Faltando essa receita, passado algum tempo, os clubes começam a ressentir-se e, claro, as associações sentem logo a seguir, porque os nossos filiados são os clubes, não são os atletas ou os pais. As associações só vivem se os clubes viverem, porque nós trabalhamos para os clubes.

No distrito, a quebra de praticantes foi grande?

Em termos das associações, como nós só trabalhamos com o atleta filiado, é só a partir da categoria dos cadetes, por isso ainda não tenho esse feedback. Ainda não sinto esse impacto já. Onde está se está a sentir agora é nas escolas de formação, que têm jovens com idades antes dos cadetes. Neste momento, a associação está a receber cadetes que deram entrada na escola em 2018, 2019.
Ainda não conseguimos apurar esse impacto. Também podemos ter o reverso da medalha, ou seja, haver um crescimento maior pela vontade de praticar. Temos de esperar para ver. O abandono nas classes de competição foi residual.

Quais são, na sua opinião, os pontos altos da época?

O ano de 2022 para a natação a nível regional, se calhar, foi o melhor ano de sempre. Tivemos excelentes resultados ao nível dos Campeonatos da Europa, do Diogo Cancela, que é uma aposta grande da natação adaptada, do Gabriel Lopes, da Camila Rebelo e até do próprio Diogo Ribeiro. Não nos podemos esquecer que, apesar de o Diogo ser atleta do Benfica neste momento, é “criação” nossa e dos nossos clubes. Mesmo retirando o Diogo desta análise, o ano de 2022 foi, sem dúvida, a nível de participações e de resultados desportivos, um ano de ouro para a natação de Coimbra. Tem havido uma evolução com vários nomes e todas as gerações têm trazido atletas de grande qualidade.

Quantos atletas e clubes estiveram filiados ?

Tivemos e temos 20 equipas filiadas, 15 de clubes e cinco de escolas. Ao nível de atletas, na natação pura foram 357, nas águas abertas tivemos 39, na natação adaptada foram 27, nos masters contámos com 47 e no polo aquático tivemos 36 atletas. Em termos de distrito, será difícil aumentar o número de clubes. O objetivo da associação, a médio e longo prazo, passa por, a par da FPN, apostar na certificação das escolas de natação. Nós queremos começar, e já é uma das bandeiras da FPN há algum tempo, a perceber qual é essa “mancha” da formação e quem é que dessa forma passa a atleta federado.
Acho que é esse controlo que ainda falta. É algo que a FPN está a tentar desenvolver através do processo de certificação das escolas de natação, processo em que a ANC é parceira fundamental. Esse desenvolvimento nos clubes será sempre nas escolas de natação, porque depois chega à altura em que há uma concorrência entre a escola de natação do clube que tem a competição, porque tem uma série de gastos inerentes à competição suportados pela formação, e o clube que só dá aulas de natação, que só tem escola e só tem receitas. O objetivo passa por tentar criar aqui um equilíbrio e conseguir que as escolas sejam todas certificadas.

Quais são as principais infraestruturas utilizadas em Coimbra?

Coimbra, a nível nacional, será uma das cidades melhor servida em termos de infraestruturas desportivas para a natação, não tenho qualquer dúvida disso. Este Complexo Olímpico de Piscinas é um dos melhores tanques da Europa, para não dizer o melhor. Ao nível das piscinas de 25 metros também temos estruturas fantásticas. Para além de Coimbra temos ótimas piscinas em Condeixa-a-Nova, na Lousã, em Miranda do Corvo ou em Cantanhede. Neste distrito temos ótimas infraestruturas. Vamos ver com esta questão da guerra a Ucrânia, porque as autarquias vão ter que se adaptar para resolver, por exemplo, as questões relacionadas com o gás.

Que constrangimentos pode causar o encerramento, para manutenção, das Piscinas Municipais Rui Abreu?

Essa piscina tem, se calhar, mais de 20 anos. Como qualquer instalação desportiva carece de manutenção periódica. Julgo, e faço fé nos técnicos da Câmara de Coimbra, que não haverá perigo para a utilização. Vai condicionar, naturalmente, e obrigar a um reajuste das equipas e dos espaços. Temos todos que fazer um esforço e adaptar-nos. Em 2004 treinávamos, essencialmente, na Piscina de Celas e na Piscina da Pedrulha, não havia mais e acaba por funcionar. Faz parte, esse problema também traz uma evolução no futuro, são dores de crescimento. A manutenção tem que ser feita.

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