Joan Busquets apresentou ontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra, apresentado o projeto que estabelece as bases do plano de pormenor da construção da nova estação de Coimbra B, que será uma infraestrutura intermodal, num projeto que repensa também toda a zona e propõe novas soluções de mobilidade para a cidade.
O projeto é uma revisitação e atualização do plano já desenvolvido pelo arquiteto catalão em 2010 para Coimbra-B (no âmbito do projeto de alta velocidade que, na altura, não avançou).
Em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, o Joan Busquets e a vereadora da Câmara Municipal de Coimbra explicaram os pilares deste plano inovador.
Qual a importância deste projeto hoje (ontem) apresentado?
Hoje (ontem) de manhã vimos a história e a razão pela qual o comboio estava neste lugar dentro da cidade. A estação de Coimbra B foi colocada fora da cidade e teve que ser criado um ramal para unir o comboio à cidade. Hoje em dia, a geografia das cidades é distinta. Este plano serve para retificar e colocar a estação como um ponto central da cidade. Para que este projeto avance é preciso fazer duas coisas. Primeiro, temos que insistir que a extensão da Baixa se prolongue com naturalidade. Nós reparámos que a rua do Padrão podia ser remodelada sem grandes custos. Depois temos que colocar os espaços verdes mais visíveis. A Mata Nacional do Choupal tem um valor enorme, mas não tem integração com a cidade. A cidade tem um sistema perpendicular ao rio Mondego com vales de espaços verdes que temos de explorar.
Na apresentação ficou claro que a estação deve ser unida à cidade por “dois braços”. Que braços são esses?
Sim, esses dois braços são duas avenidas que podem ser melhoradas para que a ligação à estação seja mais simples. A primeira é através da avenida Fernão Magalhães e a rua do Padrão. Queremos que seja fácil não só ir de automóvel, mas também a pé para a estação através dessa via. Precisamos de melhorar os passeios e colocar árvores para que seja fácil caminhar. O outro braço corresponde mais à imagem futurista dos dias de hoje. Corresponde à extensão do cais junto ao Mondego. Essa extensão, que pode ir até à estação, faz-nos ver quão fantástico é o Mondego. Precisamos de criar uma marginal suave, onde se possa caminhar e andar de bicicleta.
Para melhorar a circulação na rua do Padrão e na Casa do Sal está previsto o acesso ao IC2 sair daquela zona. Porquê essa decisão?
Parece-me lógica essa mudança. Felizmente colocaram a IC2 bastante alta, o que nos permite trabalhar na rua do Padrão mesmo enquanto a IC2 estiver ativo nessa zona. No local onde está atualmente o IC2 queremos criar uma grande esplanada verde. Faz sentido que o IC2 utilize a zona da ponte de ferrovia que faz a ligação a Taveiro para ligar ao Almegue. O importante é perceber que podemos avançar com a obra de requalificação da rua do Padrão, numa primeira fase, sem que o IC2 saia imediatamente daquela zona. A requalificação desta zona deve ser feita em duas fases distintas, para que quando o IC2 sair daquela zona, não tenhamos de fazer tudo de novo. O IC2 pode sair amanhã ou daqui a 10 anos, mas isso não importa para a rua do Padrão porque podemos plantar as árvores na mesma. Uma árvore em cinco, seis anos ganha a sua forma, portanto podemos ir plantando as árvores mesmo que o IC2 não saia numa fase inicial.
Na zona da Casa do Sal nascerá uma grande avenida com passeios dos dois lados, duas faixas de rodagem para cada sentido de trânsito, uma ciclovia, a linha do MetroBus com dois sentidos e um grande jardim. É uma mudança drástica…
Exatamente. Esta avenida será o prolongamento da avenida Fernão Magalhães à rua do Padrão, sem que haja aquela rotunda da Casa do Sal. Esse jardim ficará no local onde estão neste momento os estacionamentos dos autocarros. Esse local ficará um espaço muito agradável porque é muito central na cidade. Consigo imaginar mercados informais que lá se possam criar. As cidades têm necessidade destas esplanadas. Esta é uma ideia geral que tem que ser trabalhada com a câmara.
O projeto também vai mudar a imagem da própria estação?
Este projeto vai fazer com que a estação seja de grande qualidade, com uma ótima imagem. É muito importante que a estação tenha uma grande imagem, porque hoje em dia a imagem da estação é muito pobre. A estação tem que ser um lugar transparente e visível. Quando alguém chegar à estação tem que conseguir ver a cidade, o Mondego e a Mata Nacional do Choupal. A estação terá que ser apelativa para convidar as pessoas a quererem visitar a cidade. As estações são os pontos de chegada às cidades e esta tem que voltar a ganhar isso.
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