Cerca de três mil professores exigem em Coimbra respeito pela profissão

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Cerca de três mil professores, segundo números da polícia, manifestaram-se hoje em Coimbra para dizer “basta” e exigir respeito por uma profissão que dizem ser desconsiderada há anos, deixando a promessa de que “a luta continua”.

“Não pedimos, exigimos respeito”, lia-se no cartaz empunhado por Helena Amado, uma professora de 51 anos, que disse já não adiantar pedir ao governo para olharem para o desrespeito de que vêm sendo alvo há “muitos anos”.

Em dia de greve no distrito de Coimbra, a docente juntou-se ao protesto que ocupou a Praça 8 de Maio, perto da Câmara Municipal, para vincar que “o respeito pelos professores tem de ser exigido”.

“Com estas manifestações e greves, temos de exigir! À força, já não adianta pedir”, acrescentou.

Em declarações à agência Lusa, a professora do ensino especial lamentou que a sua carreira tenha sofrido tantas alterações nos últimos anos, que fazem com que “as injustiças sejam gritantes”.

“Quando nasceu o meu filho, eu estava no 5.º escalão e 20 anos depois continuo no mesmo escalão. Fazem alterações e mais alterações, mas são apenas medidas economicistas: isto chegou a um ponto em que ou ele dobra ou isto quebra”, sustentou.

Também Lígia Santos, professora contratada há 26 anos marcou presença na Praça 8 de maio, para demonstrar que está descontente com uma política que ainda não lhe permitiu efetivar numa escola, obrigando-a a, anualmente, viver com a angústia de não saber se vai ser colocada e onde.

“Já me passou pela cabeça desistir, mas fiz um investimento nesta carreira. O que fazemos, os nossos sacrifícios, são pelos nossos alunos e pela escola”, apontou.

Já Artur Costa, professor há 30 anos, disse que os escalões da carreira “estão feitos para ninguém chegar ao topo”.

“Tenho 53 anos, estou no 6.º escalão e, com o afunilamento da carreira, vou estar aqui até aos 60 anos. Quando me reformar, quanto muito, estarei no 8.º escalão, sendo impossível chegar ao 10.º”, indicou.

Com “a luta”, espera “dizer basta”, ajudar a repor “respeito pela profissão” e com isso conseguir também “alguns avanços”.

“Estamos de boa-fé nisto tudo. Gostávamos que o governo também estivesse”, explicou.

À concentração de professores juntaram-se também alguns alunos e pais, que se solidarizaram com as reivindicações de uma classe que promete não parar, gritando por várias vezes que “a luta continua na escola e na rua”.

De acordo com o comissário da PSP de Coimbra, Santos Loureiro, na Praça 8 de Maio estiveram concentradas perto de três mil pessoas.

Já a adesão à greve rondou os 95%, sendo, segundo o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, a maior de sempre no distrito de Coimbra.

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