Os regulamentos de apoio a entidades desportivas vão acompanhar as reformulações que estão a acontecer noutras áreas da política municipal?
Efetivamente, agora que já temos outro conhecimento da realidade dos clubes e da atividade desportiva, no concelho, fomo-nos apercebendo de algumas necessidades de retificar, ou de fazer pequenos acertos aos regulamentos. Devo dizer que, de um modo global, quer o RMAD [Regulamento Municipal de Apoio à Atividade Desportiva] quer o RMRID [Regulamento Municipal de Reabilitação de Infraestruturas Desportivas] são documentos sólidos, robustos, mas obviamente necessitam de alguns ajustes, de acordo com aquilo que são, hoje, as necessidades dos clubes. Como se costuma dizer, havendo dinheiro e boa vontade, as coisas acontecem…
Dinheiro, porém, é coisa que não abunda, pelo menos este ano…
Sim, nós este tivemos um corte significativo na verba disponível para os apoios aos clubes. São cerca de 200 mil euros a menos, face ao ano passado. É certo que, dado que houve um período, em 2020, em que não houve apoio, devido à pandemia, o que levou a que, no ano passado, aquele que foi o último RMAD antes do que agora foi aprovado distribuiu à volta de meio milhão de euros.
Porque é que este ano demorou tanto tempo a ser aprovado ?
Demorou apenas por questões administrativas e financeiras, que são áreas em que, como se sabe, eu não tenho competências delegadas. Aquilo que foi a parte desportiva – do trabalho de campo, da consulta aos clubes e, posteriormente, da avaliação –, foi feito cumprindo com os prazos. Assim, em outubro, tínhamos o processo pronto. Devo dizer que, estando apenas há um ano no cargo, tive naturalmente de me inteirar da situação dos clubes, até porque, enquanto responsável político pela área do Desporto, na Câmara Municipal de Coimbra, não podia de forma alguma estar a atribuir apoios sem conhecer a realidade no terreno.
Que critérios seguiu?
Tivemos o cuidado de identificar o histórico dos apoios concedidos, até para que pudéssemos apoiar, agora, clubes que nunca tinham sido apoiados ou que já há anos que nada recebiam. O Adémia é um exemplo, tendo sido contemplado, no RMRID, com uma das verbas mais significativas. Ora, o que constatámos foi que o clube já não recebia qualquer apoio desde 2012, por variadíssimas razões. A verdade é que as infraestruturas do campo degradam-se e, no caso dos balneários, por exemplo, a situação em que se encontram é muito preocupante.
Para além do Adémia, o Centro Hípico e o CPT Sobral de Ceira foram as que mais receberam…
O Centro Hípico gere uma infraestrutura municipal e tem necessidade absoluta de implantar pistas novas, de areia, sob pena de não poder continuar a ter provas. No caso do CPT Sobral de Ceira, trata-se de uma infraestrutura [centro de treino para lançamentos de atletismo] que vem já do executivo anterior e que está por concluir. É uma exigência nossa cumprir com os compromissos assumidos e, neste caso, parece-nos muito importante, pois contribui para desenvolver uma modalidade que foi das que mais cresceu. Citando a ADAC – Associação Distrital de Atletismo de Coimbra, o número de praticantes triplicou nos últimos anos. E Sobral de Ceira tem tido, também, um papel muito positivo, na área da formação.
O que releva mais para o valor do apoio?
No caso do RMAD, temos de ter sempre em conta o que receberam no ano anterior, até por uma questão de equilíbrio, mas temos também de avaliar a própria dinâmica desportiva do clube. O regulamento enquadra todas essas variáveis, obviamente sempre ponderadas. Mas, como já referi, há também a dimensão política do apoio e, essa, temos de assumi-la de forma clara e transparente.
Qual a reação dos clubes//entidades à distribuição dos apoios deste ano?
A reação é a natural: quem recebe menos vai ficar desagradado; quem recebe o mesmo provavelmente vai ficar calado; quem recebe mais vai aplaudir. É uma realidade que temos de ir gerindo, compreendendo naturalmente os estados de espírito de cada um.
A Académica recebe quase um terço da verba este ano afeta ao RMAD. Porquê?
A Académica até é das que maior redução de verbas teve. Nada contra a Associação Académica, bem pelo contrário, mas a verdade é que tivemos de fazer opções. Para além disso, teremos sempre outros mecanismos de apoio, ao longo do ano. Seja como for, o que recebe é um “bolo” significativo mas é preciso ver que vai ser distribuído por várias secções, de modalidades diferentes.
Qual deve receber mais?
Admito que o râguebi, o futsal feminino ou o bilhar, por disputarem as divisões de elite, possam ser as que mais recebem. Mas, quem faz essa distribuição é o Conselho Desportivo da AAC e não compete à Câmara Municipal imiscuir-se nos critérios adotados ou a adotar, embora eu conheça grande parte das pessoas que compõem o Conselho e confie na boa administração das verbas atribuídas.