Preços dos cereais no Mondego ajustam-se à inflação, mas agricultores temem 2023

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Os preços pagos à produção de arroz e milho no Baixo Mondego estão a ajustar à inflação, mas os agricultores daquela região temem um escalar do custo dos fatores produtivos em 2023.

O dirigente da cooperativa agrícola de Montemor-o-Velho Armindo Valente disse à agência Lusa que, no que concerne ao milho e arroz, 2022 “pode considerar-se um ano normal” e os preços da campanha deste ano “vão ajustar significativamente” face à inflação.

No entanto, os agricultores do Baixo Mondego ainda têm na memória os anos recentes “muito difíceis”, concretamente as tempestades de 2021, as cheias de 2019 ou o furacão Leslie, em outubro de 2018, e temem os efeitos da inflação em 2023.

De acordo com dados “ainda provisórios” de 2022, o arroz deverá aumentar cerca de 20 cêntimos por quilo (dos 40 cêntimos de 2021 para 60 cêntimos este ano) no preço pago pela indústria à produção.

Em termos de toneladas, esse aumento significa que uma tonelada que, em 2021, se situou “entre os 380 e os 400 euros”, este ano “pode chegar aos 600 euros”, vincou Armindo Valente.

No milho, que juntamente com o arroz é cultura dominante nos 13 mil hectares do Baixo Mondego (a estas duas juntam-se as hortofrutícolas, embora com uma área substancialmente mais reduzida), os preços por tonelada deverão aumentar dos 250 euros o ano passado para os 330 euros este ano.

Embora o ajuste de preços possa contribuir para mitigar os aumentos nos fatores de produção este ano – do gasóleo à energia, passando por adubos, pesticidas e sementes – a preocupação dos agricultores centra-se naquilo “que virá em 2023, em que ainda não há dados”, obstando a que possam fazer uma “previsão” para o próximo ano, observou o também empresário agrícola.

“Quando a gente em março, abril e maio [altura das sementeiras] for para os campos, se não houver, pelo menos, alguma estabilidade na inflação, aí podemos voltar a ficar numa situação difícil”, alertou Armindo Valente.

Outro problema deriva dos equipamentos utilizados, por exemplo, os tratores, “cujo custo poderá disparar” e levar os agricultores a retrair-se na aquisição de nova maquinaria e outros investimentos.

“O agricultor deixa de ter capacidade para fazer o seu próprio investimento, porque também tem de pagar a parte dele”, notou.

Armindo Valente defendeu, a esse propósito, “rapidez nas decisões” das entidades públicas, nomeadamente na burocracia relacionada com o apoio de fundos comunitários a investimentos em projetos agrícolas e ao processo produtivo.

“Vai ser muito mais dinheiro, porque o custo de executar uma obra ou um trabalho é muito maior. E o que tem de haver é rapidez, rapidez na execução das decisões. Muitas vezes precisamos de um parecer do impacto ambiental, do Ambiente, disto e daquilo. Esses pareceres têm de ser mais ágeis a resolver a situação, porque senão podem inviabilizar o investimento”, argumentou.

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