Opinião: Dia Mundial dos Pobres

Posted by
Spread the love

No próximo domingo, 13 de novembro, será celebrado o Dia Mundial do Pobre. É verdade que há dias mundiais para tudo e mais alguma coisa e este pode ser apenas mais um.
Contudo, pode ser uma oportunidade para repensar a realidade da pobreza e o nosso envolvimento nas soluções para uma sociedade mais justa, mais solidária e menos pobre. Que políticas e opções (pessoais e comunitárias) temos tomado para não nos resignarmos à pobreza?
Com a pobreza não se brinca nem se faz poesia. É uma dura realidade experimentada por muitos homens e mulheres no mundo, no nosso país e na nossa cidade. Mas, tantas vezes, preferimos passar ao lado, desviar o olhar, fazer de conta que não os vemos.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016 e celebrado, pela primeira vez, a 19 de novembro de 2017, com o sugestivo tema: ‘Amamos, não com palavras, mas com obras’.
O próprio Papa tem concretizado o seu amor aos pobres com gestos concretos e proféticos, através do cardeal-esmoleiro Konrad Krajewski: em 2013 ofereceu um saco com presentes de natal (com bilhetes para transportes públicos, cartões telefónicos…); em 2014 ofereceu sacos-camas a cerca de 400 sem-abrigo de Roma; em 2015 ofereceu um jantar e convidou 150 sem-abrigos para uma visita aos Museus do Vaticano e à Capela Sistina; ainda em 2015 determinou a instalação de chuveiros nas casas de banho ao lado da Colunata da Praça de São Pedro, depois criou um espaço de barbearia e cabeleireiro, que está à disposição dos mais necessitados; em 2017 inaugurou uma lavandaria para todos os pobres, em especial para os sem-abrigo, para que possam lavar, secar e passar as suas roupas; em 2018, convidou os pobres (sem-abrigo, refugiados e presos) para participar num espetáculo de circo, no Circo Medrano (participaram cerca de 2100 irmãos mais pobres); em 2019 abriu um posto de saúde na Praça de S. Pedro, destinado a prestar cuidados médicos e de saúde aos pobres, que emite receitas para levantar gratuitamente medicamentos na farmácia vaticano; em 2019, convidou 1300 pobres (pessoas sem-abrigo, refugiados, presos e famílias) para ir ao teatro; em 2020, mandou renovar o Palazzo Migliori, adaptando-o para estar ao serviço dos sem-abrigo de Roma, com capacidade para receber até 50 pessoas (esta casa dá aos pobres cama, roupa lavada e comida, aconselhamento psicológico e acesso a computadores)…
Diz o Papa: “No caso dos pobres, não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através dum envolvimento direto”. Os pobres não se alimentam de discursos, nem precisam apenas de alimentos e de roupas.
Não bastam palavras, não bastam intenções, não bastam teorias… é preciso encontrar soluções reais e concretas, possíveis e ajustadas para responder a uma realidade que sempre existiu no mundo.
Na mensagem deste sexto ano diz o Papa que o Dia Mundial dos Pobres é uma “sadia provocação para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual”. Os tempos que se seguem vão ser ainda mais duros.
Na Encíclica Fratelli Tutti, diz que “urge encontrar estradas novas que possam ir além da configuração daquelas políticas sociais ‘concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres e muito menos inserida num projeto que reúna os povos’ (cf. FT 169 ).
E nós que podemos fazer na nossa cidade ou nas nossas comunidades? Que inspirações e que coragem criativa? Que gestos concretos podemos realizar?

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.