O maior produtor de eletricidade no continente, que provém 80% do carvão, sendo um dos principais poluentes a nível mundial, defendeu esta semana que a Europa deve subsidiar a transição energética neste país com uma compensação de pelo menos 25%.
Na ótica do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, “deve haver compensação por perdas e danos” da parte dos países “ricos”, sublinhando que os países mais industrializados “foram e têm sido os maiores poluidores e aqueles que prejudicaram o clima muito mais do que os países de economias em desenvolvimento, por exemplo, a África é apenas responsável por 1% e a nossa abordagem é essa”.
“O poluidor deve pagar”, vincou, em Londres, o dirigente da República da África do Sul, considerada a economia mais industrializada no continente africano.
Ramaphosa reforçou o seu argumento com as falsas promessas da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP), na capital francesa, Paris, em 2015: “As economias mais desenvolvidas devem cumprir o compromisso que assumiram no passado”, salientando que “a COP de Paris é um exemplo em que eles prometeram 100 mil milhões de dólares [96,6 mil milhões de euros] por ano, que nunca cumpriram e também admitem isso”.
“Agora estão a fechar acordos para uma transição energética justa com vários países e o nosso acordo foi um acordo comercial e, ao analisarmos esse acordo, descobrimos que a componente de subvenção do que colocam na mesa, como disse, ascende a 2,7%”, referiu, indicando que houve “discussões com um dos países europeus e eles estão preparados para aumentar para 25% do que propõem”.
É caso para perguntar: E qual é a compensação financeira da África do Sul pelas “perdas” e “danos” causados por toneladas de poluição com que diariamente infesta o nosso planeta desde que a sua primeira central a carvão entrou em funcionamento em 1926?
Atualmente, a gigantesca companhia estatal elétrica da África do Sul, a endividada Eskom, que foi uma das maiores empresas de eletricidade do mundo, tem mantido cortes de energia em larga escala no país desde 1994.
A situação precária da empresa pública responsável por 90% da produção nacional está na origem desta crise de eletricidade de longo prazo, que tem sido um enorme fardo para a economia mais desenvolvida do continente.
Desde a sua eleição em 2018, o Presidente Cyril Ramaphosa, não deixou de prometer o fim da crise energética, bem como uma mudança radical na estrutura da Eskom para reverter a situação na estatal elétrica, cujas causas atribuiu esta semana ao “passado”. No entanto, mais de quatro anos depois de ter substituído na presidência Jacob Zuma – obrigado a renunciar após nove anos de escândalos de corrupção -, persistem os apagões pelo que não se prevê no médio prazo um fim para essa situação.