Jorge Fernandes e atual direção da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) vão deixar de exercer funções após a próxima Assembleia Geral (AG) da entidade, cuja data ainda não está definida.
A garantia da saída foi dada ao DIÁRIO AS BEIRAS pelo presidente, Jorge Fernandes. “A atual direção e o presidente têm que ser destituídos na próxima Assembleia Geral. Não vamos contestar, porque o judo precisa de paz para conseguir resultados”, frisou.
A AG terá, explicou, “um ponto único” que será a destituição da atual direção e do seu presidente. A perda do mandato surge na sequência de um inquérito a incompatibilidades, levado a cabo pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), que aponta, “nas suas conclusões, para o incumprimento por parte do presidente da direção federativa”.
Em causa está o artigo 51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), no qual é elencada a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato no qual tenham interesse.
Segundo a agência Lusa, o inquérito tinha várias acusações dirigidas a Jorge Fernandes, desde ser presidente no Judo Clube de Coimbra, treinador, ou pelo facto de o seu filho, o antigo judoca Jorge Fernandes, ter contrato com a FPJ. “O IPDJ e o Governo não nos destituíram, pediram que fosse marcada pela Mesa da AG um ponto na ordem de trabalhos: a destituição. O presidente da mesa [Carlos Andrade] já tem essa informação”, clarificou o dirigente que preside a FPJ desde 2017 (foi reeleito para um segundo mandato em 2020).
Repor a legalidade
A situação surgiu a partir de uma queixa da Associação de Judo de Castelo Branco. “Há meio ano atrás, quando foi levantada a questão das incompatibilidades, fomos chamados à atenção, mas já não havia nada a fazer”, confidenciou.
Mais do que a mudança, a destituição será uma forma de cumprir a lei. “Se a lei diz que é um erro, esse erro tem de ser corrigido. Esta é uma forma de repor a legalidade. Temos dúvidas, mas não vamos levantar questão nenhuma”, assegurou.
Jorge Fernandes não sai “magoado” e deixa duas garantias: “A informação que tínhamos do nosso serviço jurídico era de que estava tudo bem. Se voltasse atrás, faria tudo igual, de acordo com a informação que tinha”.
Ciente de que “a lei é para cumprir”, o dirigente revelou que “tem recebido bastante apoio” e relembrou que nem o presidente nem a atual direção da FPJ cometeram qualquer crime. “Saio bastante contente”, realçou Jorge Fernandes. “Acho que contribuí para o melhor momento do judo de todos os tempos”, disse, lembrando que com a atual direção “quem ganhou foi o judo”. Desde 2017, a modalidade cresceu em 50%, com 2019 e este ano a terem mais de 15.000 praticantes.