Fez a formação na Académica, mas foi no O. Hospital que deu nas vistas no futebol sénior. Sábado será um jogo especial?
Sim, é um jogo especial, porque vou defrontar um clube que acaba por me dizer muito. Foi um clube que me acolheu muito bem, onde fui muito acarinhado não só pela direção, como por todos os colegas e adeptos. Passei lá muitos momentos bons. Continuo a dar-me bem com as pessoas do clube e com a direção. Acho que isso é o mais importante, as ligações que acabam por se estabelecer no futebol, é isso que levamos. No O. Hospital, felizmente, tenho algumas boas. Espero que continuem.
Acredito que o foco esteja na conquista dos três pontos?
Não estamos a ter o início de época que todos desejávamos, acho que isso é do conhecimento público. Um clube como a Académica tem a obrigação e a responsabilidade de ganhar os três pontos em todos os jogos, infelizmente não temos tido a capacidade para o fazer. Temos que encontrar soluções e, como disse, o foco está em trazer os três pontos, apesar de ser um jogo contra um clube que me diz muito. Durante aqueles 90 minutos, o meu foco é só um: ajudar a Académica a ganhar os três pontos.
Esperava regressar esta temporada à Académica?
Sendo sincero, a esperança de um dia regressar à Académica esteve sempre presente. Esta época, por infelicidade do clube, que caiu para a Liga 3, achei que a possibilidade de regressar era ainda maior, no entanto, a esperança esteve lá sempre. Sou um jogador de Coimbra, que conhece o clube e que fez aqui a formação. Sempre tive essa esperança. A partir do momento que existiu o contacto inicial, pelo menos para mim, não houve grande hesitação ou ponderação.
Era um objetivo regressar?
Era. Mais do que um objetivo, posso dizer que era um sonho. Eu joguei aqui 12, 13 anos. Neste período, o único objetivo que eu tinha era jogar no Estádio Cidade de Coimbra e jogar pela equipa principal da Académica. Este ano estou a conseguir fazer isso e é o concretizar de um sonho, independentemente da divisão em que esteja o clube, porque a Académica diz-me muito.
Competiu no antigo Campeonato de Portugal (CP), que agora é a Liga 3. Esta prova tem, de facto, uma competitividade superior?
Sim, esta Liga 3 é muito diferente. Primeiro porque, acho, já há uma certa profissionalização de praticamente todos os plantéis, só por aí é gerada uma uniformização daquilo que é a competição e o rendimento dos atletas.
Depois, costuma dizer-se que na Liga 3 está aquilo que era “a nata” do Campeonato de Portugal. Os atletas que se destacaram no CP acabaram por transitar para a Liga3. A dificuldade desta divisão é elevada e está provado que todas as equipas podem ganhar aos seus adversários. Todos os jogos são renhidos e competitivos.
Fez a formação toda na Briosa e a estreia, a nível sénior, aconteceu na antiga equipa B dos estudantes. Como era a realidade dessa equipa?
O treinador era o José Viterbo. Era um contexto muito diferente do das atuais equipas B. Atualmente, as equipas B estão inseridas em contextos completamente profissionais. A equipa onde joguei, a equipa B da Académica, não era profissional, de todo. Tínhamos uma realidade de futebol distrital com uma equipa muito jovem. Era um contexto amador, com todas as dificuldades que estão inerentes a isso.
Que dificuldades encontrou na estreia no futebol sénior?
Foi bom e mau. Bom porque, a partir do momento em que se entra no futebol sénior é preciso adaptação, porque há uma formação até terminar os juniores e, quando se chega a sénior, há toda uma outra formação que tem que se ter. Estamos a jogar contra homens, alguns com mais de 20 anos de competição em cima. A experiência e os comportamentos que têm são completamente diferentes dos que têm os jogadores com 18, 19 anos. Vinha adaptado a isso e depois tive um choque muito grande com a realidade.
Foi uma “praxe” de fogo?
Foi. Vinha habituado a um contexto que não era profissional, mas, acho eu, andava perto disso, porque os Sub-19 da Académica competiam no Campeonato Nacional, aquilo que eu estava habituado e aquilo para que me preparei era para dar continuidade a isso a nível profissional. Quando me deparo com uma realidade amadora, o choque foi grande, não posso dizer o contrário. Foi uma aprendizagem e cresci com isso, que é o mais importante.
Até ao momento, a sua carreira está muito ligada ao clubes da região…
Já me chegaram a perguntar se não tinha vontade de sair e eu digo: “Tenho vontade se surgir uma oportunidade que compense”. Teria que ser uma proposta muito vantajosa para eu congelar os estudos e parar para me focar só no futebol. Essa oportunidade nunca chegou e acabei por ter sempre oportunidade aqui perto, isso foi vantajoso porque consegui conciliar com os estudos na Universidade de Coimbra.