As despesas com pessoal representam a maior fatia das despesas municipais em 2021, ano em que foram gastos mais 7,9 por cento nesta área do que em 2020, segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, divulgado ontem.
Segundo o Anuário, a fatia das despesas com pessoal nos gastos das câmaras tem vindo a crescer desde 2016 e atingiu, em termos globais, um aumento de 7,9 por cento (+215,9 milhões de euros) em 2021, comparado com o ano anterior. Foram 283 os municípios que viram crescer as suas despesas com pessoal.
O município de Coimbra foi um dos 13, a nível nacional, que apresentaram aumento de despesa com pessoal acima da média nacional (7,9 por cento), com mais 30,4 por cento, ou seja mais nove milhões de euros . O Anuário destaca ainda Barcelos (+38,2 por cento, +6,4 milhões), Viseu (+38,5 por cento, +6,0 milhões) e Leiria (+48,5 por cento, +6,9 milhões).
Maior fatia na Educação
Recorde-se que, em abril, na reunião de câmara de apresentação do Relatório e Contas, o vereador Miguel Fonseca dava conta de um acréscimo de 659 trabalhadores, que se traduziu numa variação positiva de 51 por cento no número total de efetivos do Município, perfazendo um total de 1.951 trabalhadores a 31 de dezembro de 2021.
Tal como o DIÁRIO AS BEIRAS noticiou na altura, o aumento de trabalhadores, em exercício de funções, ficou a dever-se essencialmente ao facto de terem sido integrados 566 trabalhadores afetos à área da educação, com efeitos a 1 de janeiro de 2021, no âmbito da transferência de competências.
De acordo com o Anuário Financeiro, o peso médio que os gastos com o pessoal representou na despesa total paga foi, em 2021, de 29,7 por cento, inferior em 1,5 pontos percentuais à média obtida no ano anterior, mas em 179 municípios este peso médio de despesas com pessoal foi superior à média nacional.
No cimo da listagem dos 35 municípios com maior peso da despesa com pessoal (sem considerar as empresas municipais e serviços municipalizados) nas despesas totais de 2021 estão câmaras de pequena dimensão, como Redondo (49,9 por cento), Cartaxo (47,6 por cento), Góis (46,6 por cento), Porto Santo (46,4 por cento) e Sardoal (46,1 por cento).
O menor peso da despesa com pessoal nas despesas totais de 2021 coube a São Vicente (15,5 por cento), Trofa (17,4 por cento), Ribeira Brava (18,3 por cento), Velas (18,4 por cento) e Cascais (19,3 por cento).
“Poderá ser preocupante para o desenvolvimento da atividade municipal nos diversos domínios das suas competências a situação dos municípios que afetam metade ou mais dos seus recursos financeiros a despesas com pessoal”, é referido no documento.
O Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2021, da autoria de um grupo de investigadores, é realizado desde 2004 com o apoio da Ordem dos Contabilistas Certificados.