Bispos expressam “forte preocupação” face à crise

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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) expressou hoje “forte preocupação pelas grandes dificuldades por que passam as pessoas e famílias, instituições civis e eclesiais, provocadas pela crise atual”.

Reunida em Fátima desde segunda-feira, a Assembleia Plenária do episcopado católico português evocou, como uma das razões para a crise socioeconómica “a guerra na Ucrânia”, que “continua a matar milhares de pessoas e a destroçar famílias e populações, provocando milhões de refugiados”.

“As políticas definidas na Europa e em Portugal são medidas paliativas importantes para responder ao apoio de emergência, mas torna-se imprescindível realizar convergências para concretizar políticas estruturais que permitam mitigar os efeitos da inflação e incentivar o crescimento, tendo como preocupação o combate à pobreza, a diminuição das desigualdades sociais e o bem-estar dos cidadãos, com uma mais justa repartição da riqueza”, consideraram os bispos no comunicado final, reforçando o que já havia sido sublinhado pelo presidente da CEP, José Ornelas, na abertura dos trabalhos, na segunda-feira.

Os bispos manifestaram também uma grande preocupação face à situação das instituições de solidariedade social, muitas das quais ligadas à Igreja Católica, nas quais “a crise continua a acentuar-se, colocando em risco a sua sustentabilidade”.

“Na sua atitude de proximidade, as instituições da Igreja continuam a atender situações de extrema necessidade, mas o justo apoio do Estado, que sustenta apenas uma parte limitada do esforço financeiro destas instituições, é imprescindível para que a sua falência não venha agravar a situação de centenas de milhares de pessoas e famílias que delas dependem”, sublinha o comunicado final da Assembleia Plenária, lido pelo secretário da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa.

Segundo José Ornelas, “aumentaram significativamente os pedidos de ajuda alimentar” junto das instituições, o que significa que a situação “é grave”.

“E [os pedidos de ajuda] não são de pessoas desempregadas, mas de pessoas que não conseguem fazer face às suas responsabilidades, às rendas, etc.”, acrescentou o presidente da CEP, na conferência de imprensa final dos trabalhos.

Nesta reunião plenária do episcopado, esteve também em análise a preparação da Jornada Mundial da Juventude, tendo o encontro sido aproveitado para a inscrição simbólica dos bispos portugueses no encontro mundial com o Papa agendado para agosto de 2023.

Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, partilhou com os restantes bispos um vídeo do Papa Francisco, “que incentiva os sacerdotes a envolverem-se na JMJ: ‘Os jovens vão chatear, vão fazer barulho… Por detrás dos jovens está a força do Espírito Santo, não quero dizer que os jovens são o Espírito Santo, mas o Espírito Santo usa-os para fazer barulho. Sim, não tenham medo, ajudem o Espírito Santo a fazer a harmonia depois. Peço-vos que se envolvam nesta Jornada da Juventude”.

Os bispos refletiram ainda sobre o processo sinodal 2021-2024, estando na fase continental com as dioceses a serem chamadas a debruçarem-se sobre o documento surgido da síntese das conclusões das diferentes conferências episcopais.

Cada diocese tem até 20 de janeiro de 2023 para responder às questões constantes no documento. As respostas serão levadas pelos participantes portugueses à Assembleia Continental que vai decorrer em Praga, de 05 a 12 de fevereiro de 2023.

Nesta reunião foi também apresentada a nova Ratio Nationalis Institutionis Sacerdotalis “O Dom da Vocação Presbiteral” [documento orientador da formação sacerdotal], estruturada em três partes: “contexto sociológico e pastoral vocacional, formação inicial para o sacerdócio e desafios para o acompanhamento no pós-seminário”.

Virgílio Antunes, vice-presidente da CEP e bispo de Coimbra, reconheceu que este novo documento, que terá aprovação final na próxima reunião da Assembleia Plenária, em abril, tem em conta “o momento que a Igreja vive” no que respeita aos abusos sexuais.

“Uma formação mais aberta, mais nas comunidades cristãs e menos nas comunidades seminarísticas” é um dos caminhos apontados no novo documento.

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