O Expresso dedicou recentemente a “Fisgas” ao tema do tempo que passamos nas redes sociais: com base num estudo da Marktest, cada Português passa, em média, 2,5 horas por dia nas redes sociais, o que se traduz em 23 dias completos por ano. Em “cliques+likes+scroll=23 dias” (Fisgas, 15 de julho/
2022 ), apresentam-se as 10 redes sociais mais utilizadas, por ordem de popularidade: WhatsApp, Facebook, Instagram, Facebook Messenger, Pinterest, TikTok, LinkedIn, Twitter, Telegram e Skype. Os Portugueses estão acima da média europeia quanto ao uso destas redes ( 63% contra 57%) e o WhatsApp é utilizado por 89% dos Portugueses que usa Internet e 64% dos utilizadores do Facebook têm mais de 45 anos? Afinal, o que nos seduz nas redes sociais? Agora que o ano letivo já “está ao rubro”, o tempo nas redes é perdido ou é um investimento?
Nada como uma autoanálise: afinal, o que é que eu publico nas redes sociais? Uso 4 das redes sociais mais populares. O LinkedIn para questões profissionais, parabenizar conexões pelas progressões e acompanhar os desafios dos nossos diplomados, mensagens de trabalho não urgentes ou quando não há outro canal de contacto. WhatsApp para conversas em grupo, feedback rápido e substituindo e-mails em cadeia, em grupo. Em grupos com muitas interações, desativo as notificações. Também no Messenger não tenho notificações ativas. Uso o Facebook do que qualquer outra rede social, em linha com a estatística acima: posts profissionais, fotos de Coimbra, relatos de caminhadas desafiando mais gente a caminhar. Partilho textos (esta coluna) e mensagens positivas. Não me envolvo em polémicas, usando o lema: se não concordo, ignoro.
O que me faz reagir? Estudos e notícias relevantes. Fotos de perfil: mudar a foto de perfil é desafiador! Memórias. Conquistas de outros. Aniversários. Mensagens positivas e bem-humoradas: procuro, especificamente, o que duas amigas publicaram: elas escrevem sempre algo que me faz (sor)rir (obrigada!).
Espero não passar 23 dias em redes sociais por ano, mais do as férias o que, visto assim, é assustador… Acredito que o scroll infinito não me vai trair nem boicotar a vida além-ecrã: a FOX criou, em 2021, uma campanha genial inspirada nos 2 km de scroll que fazemos em média por dia no telemóvel, o que é mais do que o que maioria caminha! Que o tempo das redes não seja perdido, que não nos deixemos enredar pela engenharia social assente na nossa curiosidade e que a Meta (e outras!) explora até à exaustão, para quem, no fundo, contribuímos ativamente tornando muito válida a expressão “não há almoços grátis”. Que seja possível aprender, partilhar algo que cause emoção. Está estudado que as redes sociais podem adensar a solidão, causar sentimentos de frustração – todas as vidas são belas nas redes sociais e, como não? – são onde somos mais glamorosos, onde damos saltos fotogénicos e partilhamos fotos de festas felizes. E ainda bem, porque, nos outros dias, temos a vida real para gerir!