Tal como seria de prever o “Inverno” chegou ao Ghana.
Em Julho deste ano, o Presidente Akufo-Addo ordenou que o seu Ministro das Finanças, Ofori-Atta, iniciasse as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o mais que necessário pacote de ajuda financeira ao país. Na altura, escreveu-se que Ofori-Atta ainda acreditava que umas medidas lançadas pelo seu Ministério, no início do ano, seriam suficientes para arrecadar receita que evitasse o caminho do auxílio financeiro junto do FMI. Assim, lá foi ele, contra a sua vontade, vezes sem conta, para Washington conversar com o FMI.
O tempo passou e as notícias de um acordo tardavam em chegar. Houve quem justificasse este atraso com a falta de vontade de Ofori-Atta em recorrer a este auxílio financeiro, como se de uma derrota pessoal se tratasse. Mas, recentemente, rumores apontam para o facto de haver dívida escondida. Os números oficiais da dívida pública, 80%, afinal parece que podem ser 104% do PIB. Isto num país que em 2012 tinha uma dívida de 35,6% do PIB.
Com todo este atraso, as sempre queridas agências de rating (Fitch, S&P and Moody’s) reduziram o rating do Ghana a nível de lixo, tendo feito disparar a depreciação da moeda local, o Ghana Cedi, e a taxa de inflação. A taxa de inflação anual encontra-se nos 37,2%, valor altíssimo e perigoso que poderá afetar a sólida estabilidade política e social existente desde 1992.
É de facto lamentável que o país que sempre foi conhecido como “África para iniciantes”, pelos seus altos níveis de segurança, pela constante estabilidade económica, social e política, esteja prestes a tornar-se um Sri Lanka Africano, onde a crise económica desencadeou um estado de instabilidade geral absolutamente inédito.