Nem as pesquisas eleitorais mais conversadoras previam uma diferença percentual tão reduzida à Presidência da República do Brasil. Lula e Bolsonaro, com respetivamente 48,43% e 43,20% de votos válidos, avançam para o segundo turno na corrida ao Palácio do Planalto.
Apesar do otimismo demonstrado pelos apoiantes de Bolsonaro, desconfiando dos resultados apresentados nas pesquisas eleitorais, dificilmente acreditavam no resultado conquistado – pesquisas eleitorais indicavam vitória no primeiro turno de Lula, com 51% das intenções de voto, contra 35% de Bolsonaro.
De salientar que embora Lula tenha conquistado maior quantidade de votos na corrida a Presidência da República, o Partido Liberal de Bolsonaro elegeu 99 deputados federais, considerada a maior bancada da história eleita para o Congresso Nacional.
Eleições deixaram às claras a polarização do país, evidenciadas não só na menor diferença entre os candidatos, mas essencialmente pela divisão regional. Bolsonaro está a frente em todos os Estados do Centro-Oeste e no Distrito Federal, além dos principais Estados do Sul do País. Por seu turno, Lula tem vantagem em todos os Estados do Nordeste. Já no Norte do país existe uma divisão no suporte aos candidatos nos diferentes Estados. No Sudeste, onde se localizam os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, consideradas as principais regiões do mercado financeiro do Brasil, o atual Presidente ganha em praticamente todos, a excepção de Minas Gerais onde apresenta uma pequena desvantagem.
A menor diferença entre os candidatos, deverá originar uma reação positiva do mercado financeiro, visto que o resultado obrigará Lula a se posicionar com uma agenda pró-mercado, provavelmente através de alianças para conquistar votos ao centro. O cenário de reeleição beneficia ações das empresas estatais, devido ao posicionamento do candidato a favor das privatizações. Em sentido inverso, existe o receio do mercado na atuação do governo Lula na utilização de dinheiro público para estimular a economia e criação de crédito.
Aguarda-se uma disputada acirrada para a corrida a PR no segundo turno, com movimentações estratégicas dos candidatos para convencer eleitorado indeciso e movimentar votos de Simone Tebet e Ciro Gomes a seu favor.