A tolerância. Neste contexto, entendo como figueirense quem aqui vive há tempo suficiente para designar como som o barulho do mar, ou como brisa o vento que sopra – num e noutro caso, os da Figueira, claro!…
Julgo que a principal qualidade dos figueirenses é a tolerância, de alguma maneira personificada no mais ilustre de todos os figueirenses, Manuel Fernandes Tomás, e no Liberalismo que teorizou, defendeu, implementou, mas que, sobretudo, viveu.
No entanto, sendo o concelho relativamente diverso quanto à geografia, à geologia, à orografia, à fauna e à flora, é-o também, obviamente, no que diz respeito aos modos de pensar, de se expressar e de agir, pelo que nem ao longo do tempo nem agora será absoluta qualquer caracterização.
Ainda assim, ao longo do século XX, fruto do convívio das gentes da pesca com mares distantes, da necessária e vital simpatia na receção aos turistas nacionais e estrangeiros, e da inesperada, mas modernizadora aceitação dos “retornados”, foi-se consolidando um modo de viver cosmopolita, que tem como base um território globalmente democrático, quer social, quer cultural ou politicamente, de um modo geral tolerante quanto à diversidade de opiniões.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer quanto à participação cívica, o lado prático e operativo da tolerância.