É de agora que faltam quartos em Coimbra para alojar todos os que procuram no ensino superior o aconchego do saber, e na cidade o aconchego dos valores?
É de agora que os estudantes têm sérias dificuldades em conversar com “alugantes” de forma a garantir boas condições de habitabilidade?
É de agora que as famílias vivem com grandes dificuldades e que se “esfalfam” para dar condições de aprendizagem aos seus filhos?
É de agora que as várias gerações de dirigentes associativos sabem das dificuldades dos seus colegas? Se é, só mesmo de agora, é porque “têm andado na lua”, e, se não é, a incúria e a irresponsabilidade apoderou-se desses dirigentes.
Afinal que adultos são esses que nos vão governar no futuro…se até alguns já nos governam hoje!?
Mas afinal, que rebaldaria é esta?
Qual a estratégia que terá sido adoptada – se foi – para que em 2022 estejam a programar – será assim perceptível? – a construção de residências universitárias até 2026, ou mais, se para tal “existir engenho e arte”, além de sorte, porque competência está lá – como se diz no futebol -?
Eu sei, todos sabemos, que Coimbra não tem um campus universitário em que tudo, mas mesmo tudo, desde o estudo até à prática desportiva, passando por actividades lúdicas criativas, recreativas e culturais, estejam à distância de uns poucos e míseros passos.
Mas Coimbra deverá organizar-se, reorganizar-se do aparente caos que se instalou a nível nacional. Tem capacidade e gente para tal desígnio!
Coimbra tem as melhores condições para que os estudantes participem na sua vida académica e associativa, para que daqui não levem tão só uns “compêndios na cachola”, mas sobretudo, o difícil exercício de pensar!
Coimbra tem condições únicas no país, como antigamente – deixem-me escrever assim – porque é uma cidade pequena e acolhedora que recebe além dos nacionais, alunos de todo o mundo que aqui permanecem durante vários meses ou anos.
O que levará então, a que o ensino superior não “obrigue” os seus estudantes nacionais a permanecer mais tempo na cidade, mantendo aulas durante toda a semana, e motivando-os para que o fim de semana “seja passado” em tertúlias ou na prática desportiva ou cultural?
Os nossos jovens necessitam cada vez mais de contactos com outras culturas, outras realidades sociais, perceber a influência que outros possam ter nas nossas vidas futuras porque o mundo global, apesar de ameaçado, irá voltar ao normal. E o normal, entenda-se, é o relacionamento saudável que chegará após a desgraça que hoje vivemos. E, quando tal acontecer, quem tiver assumido outros conhecimentos terá mais facilidade de adaptação ao mundo, novo mundo se calhar, que está aí a surgir.
Poderemos estar muito perto do caos, é certo! Mas confio que sobreviremos.
Por isso, Coimbra deverá mobilizar-se para proporcionar no futuro, o mais próximo possível, as condições de vida necessárias e suficientes às gentes que nos procuram.
Coimbra é única, mesmo única, mas terá de o demonstrar. Só vontade não chega!