Metro abate últimos plátanos da Avenida Emídio Navarro

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Os últimos plátanos da avenida Emídio Navarro serão, em breve, abatidos devido ao avanço da obra da linha de Metrobus. Mas, para a empresa responsável pela empreitada, os “cinco plátanos existentes são incompatíveis com o projeto em construção porque o Metrobus circulará na avenida Emídio Navarro pelo eixo da via nos dois sentidos”.
Ao DIÁRIO AS BEIRAS, a Metro Mondego referiu que a solução projetada é semelhante à do metropolitano ligeiro de superfície, “porque é a solução que penaliza menos o tráfego rodoviário”. Assim – acrescenta – procurou-se limitar o corte de árvores ao “estritamente necessário” para a construção do canal do Metrobus, “garantindo a plantação de novas árvores onde atualmente não existem ou reforçando manchas arbóreas existentes”.
Além de frisar que a “integração do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) na cidade obriga, “inevitavelmente”, a alterações no espaço urbano, a empresa recorda que o projeto foi elaborado em “estreita articulação com a Câmara Municipal de Coimbra, envolvendo diversos especialistas, entre os quais se incluem arquitetos paisagistas”.
Instada a comentar o abate dos plátanos (dois deles de grande porte), a vereadora Ana Bastos lembrou que projeto do troço relativo à antiga estação Parque teve parecer favorável de todas as entidades, “tendo mesmo sido sujeito a estudo de impacto ambiental, para além de ter estado em discussão pública no Portal Participa”.
Ana Bastos refere, contudo, que este é um projeto que o executivo camarário herdou do anterior, mas que irá “ajudar a executar com satisfação e empenho”. “Mas não seria exatamente este o projeto que este executivo aceitaria, caso tivesse estado no poder nas fases anteriores”, nota a edil.

Processo “irreversível
A vereadora que tutela o pelouro dos Transportes e da Mobilidade disse, no entanto, ser “fundamental ter noção que grande parte das soluções aprovadas são, nesta fase, irreversíveis, sob risco de se estar a pôr em causa os cronogramas de execução das obras e os correspondentes programas de investimento”. Por isso, considera que, neste momento, é totalmente extemporâneo estar a discutir esta obra, que face aos sucessivos arrastos, deve finalmente avançar”.

Compensar com novas árvores
Relativamente ao envolvimento atual executivo nas questões ambientais, nomeadamente no plano de arborização da Metro Mondego, o Município de Coimbra diz que tem trabalhado no reforço deste plano, com aposta na compensação. “Um desses exemplos foi a sugestão do Município para o projeto da Praça 25 de abril, com a plantação de dezenas de árvores (que não estavam inicialmente previstas), e rapidamente acolhida pela MM”, recorda Ana Bastos.
Refira-se que o projeto para a zona do troço relativo à antiga estação Parque contempla, de acordo com a Metro Mondego, a plantação de dezenas de árvores, “com destaque para a nova linha de mais de 40 árvores junto ao edificado, em toda a extensão da avenida, entre esta zona e a Portagem.”

Desafio a José Manuel Silva
A notícia do abate de cinco plátanos, avançada pelo jornal Público, gerou descontentamento e protestos de vários cidadãos, nomeadamente, de membros do movimento CIimAção Centro que, desde 2019, vem desenvolvendo trabalho ativista pela defesa ambiental e climática.
“Sabemos que temos que fazer alguma coisa para parar este processo”, disse Nuno Martins, professor universitário de Arquitetura e Urbanismo. “Só há duas coisas na vida que são irreversíveis: morrer e pagar impostos. Nada é irreversível na cidade, sobretudo quando se trata de cometer erros”, notou.
Para o membro do CIimAção Centro não está em causa apenas o abate dos cinco plátanos, mas de muitas outras devido à sobreposição daquele transporte com o alinhamento das árvores, o que “contraria a política municipal de combate às alterações climáticas e os instrumentos de ordenamento urbanístico”.
“Uma árvore é património da cidade. Remover uma árvore é algo tão grave, tão sério que só deveria ser feito pelo presidente da Câmara. Por isso, desafio-o a estar no local e que, perante a cidade, ordene ele próprio o abate”, incitou.

 

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