Opinião: Quem diria…

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Poucos meses após entrada em funções, e apesar de um apoio parlamentar sólido, o Governo dá sinais surpreendentes de estar em perda.
Embalado pela inesperada e robusta vitória eleitoral que os portugueses lhe ofereceram no final de dezembro, António Costa parecia, a 30 de janeiro, convencido de que o período que estava a começar seria um passeio, depois das agruras dos sete anos de governo sem maioria. Liberto dos travões que os anteriores parceiros impunham, quase sempre motivados pela sua matriz populista, pelos seus tiques anti-europeus e anti-NATO e pela sua estrutural falta de confiança no papel que o setor privado e social têm na economia e na sociedade, António Costa ia ter, finalmente, condições para aplicar as suas ideias e o seu programa de governo, dando início a um período de transformações estruturais para ajudar o País a sair do marasmo económico dos últimos 25 anos, durante os quais Portugal foi paulatinamente ultrapassado, no ranking do bem-estar económico e social, por mais e mais membros da União Europeia.
Até agora, porém, o Primeiro-Ministro e o Partido Socialista não conseguiram sair das cassetes com que matraquearam a cabeça dos portugueses nos sete anos anteriores: que a culpa de tudo e mais alguma coisa foi de Passos Coelho e do PSD, que o PS nada tem a ver com a gravíssima crise que fez desistir José Sócrates e o levou para os braços da troika, que foi o PS que começou a devolver rendimentos aos portugueses, etc., etc.
Durante os últimos anos, não houve discurso das esquerdas unidas, tanto na Assembleia da República como no espaço mediático, que não começasse e acabasse com estas cassetes argumentativas que, de tão repetidas, foram entrando na cabeça dos portugueses e foram embotando o seu sentido crítico.
Após o golpe de mestre tático que foi convencer os parceiros a saltarem fora da solução governativa, obrigando a eleições, António Costa colheu os frutos da estratégia seguida e parecia, finalmente, estar em condições de partir para novos patamares de “conseguimento”, como prometia o slogan eleitoral do PS.
Claro que, mais do que governar a olhar para trás como tinha feito nos anteriores sete anos, o que agora se esperava do novo governo é que fosse capaz de olhar para a frente, com a coragem e a determinação de que o País precisa para enfrentar a inflação, a Guerra na Europa ou o colapso de alguns aspetos da globalização.
Estes primeiros meses mostram, porém, que não é isso que está a suceder. Na Assembleia da República continuam as cassetes sobre o passado, apesar de já terem decorrido sete anos (!!) desde o fim do governo de salvação nacional que o PSD não se furtou a liderar por nunca desistir de Portugal. Pela mão do PS, alguns serviços públicos fundamentais, como a saúde, estão hoje à beira da rutura (se é que já não estão irremediavelmente afetados), os impostos continuam a crescer para alimentar a cada vez mais esmagadora e ineficiente máquina estatal, na educação nivela-se tudo por baixo e deixou de se acreditar que só a exigência dá chances aos filhos das famílias económica e socialmente menos favorecidas.
No combate ao maior flagelo dos tempos atuais, a inflação, o Governo vai-nos entretendo com uns descontozinhos que só confirmam a sua incapacidade em ir ao fundo da questão.
Quem diria que a mestria política de António Costa dava nisto? Senhor Primeiro-Ministro: Portugal deu-lhe 4 anos para mostrar o que verdadeiramente vale sem os seus parceiros das esquerdas radicais – a bem dos que continuam a acreditar na democracia e rejeitam os populismos, compete-lhe não desiludir os portugueses! Na Assembleia da República, vamos continuar atentos…

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