Opinião – Palavra de ordem: desvalorizar…

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Durante algum tempo fazia sentido. Foi até consolador. António Costa, sobretudo durante a pandemia, usou um tom quase otimista, desvalorizando cenários catastróficos. Não morreriam tantos quantos alguns futuravam. O SNS aguentaria. Os mais idosos nos lares lá se sobreviveriam. A economia haveria de voltar a brilhar. Por aí adiante, por aí afora…
Parecia-me um esforço justo. Uma espécie de jogo consentido por ambas as partes. Governante e governados fingiam acreditar que as coisas estavam controladas e que tudo haveria de ficar bem.
Não tenho dúvidas que foi esta resiliência sorridente que o povo agradeceu com uma maioria absoluta nas últimas eleições.
O problema é que, agora, o PM- talvez porque não contasse com mais este período de tamanha exigência governativa – insiste em desvalorizar a importância de todos os problemas que tem pela frente.
A um SNS descapitalizado e com evidentes necessidades de reorganização, António Costa responde com a cobertura política de uma Ministra que não sabe, ou não quer, sair da gestão de emergência criando um comissão de trabalho para encontrar forma de pagar horas extraordinárias ao invés de suster saídas, encontrar instrumentos para motivar quadros, rever carreiras, alterar numerus clausus etc etc etc.
Ainda o tema estava quente e já Pedro Nuno Santos voltava a por à prova a atitude de combate do PM. Segundo palavras do próprio Ministro uma postura voluntarista levou-o a atravessar-se sozinho por um investimento na ordem dos 5 /6 mil milhões de euros. Pelo caminho desautorizou o chefe do governo e o chefe de estado.
Depois de um murro na mesa, António Costa voltou às águas tépidas e, desvalorizando tudo, repôs a paz e o sossego com um “corrigiu-se o erro” liminar e sorridente.
Ao contrário dos tempos da pandemia julgo que agora começamos a ficar assustados com esta espécie de autismo político.
Temos uma guerra na Europa, uma inflação galopante, a ameaça de falta de matérias primas e de alimentos e muito mais coisas que por agora se escondem por debaixo de uma silly season que todos queremos gozar depois de dois anos de confinamento.
Era bom que na rentrée, se pudermos esperar até lá, pudéssemos contar com um chefe de governo que, em vez de sorrir, arregace as mangas e se ponha a trabalhar.
Como diz o próprio tantas vezes: “vamos lá a ver…”!

 

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