Refugiados mostram pratos típicos em Coimbra

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Pôs-se a mesa num dos topos do piso superior do Mercado D. Pedro V. O colorido dos pratos rivaliza com os aromas quentes que deixam adivinhar sabores exóticos.
A mesa, que afinal são duas, é o que mais importa na “I Mostra Gastronómica – Iguarias da População Migrante”.
Cada prato traz uma bandeirinha de papel que identifica o país. Afeganistão, Brasil, Camarões, Iraque, Síria, Sudão do Sul, Ucrânia… e Sibéria, de onde chega um delicioso bolo frio e assim se evita expor a bandeira russa.
A iniciativa é do grupo de trabalho Migrantes da Rede Social de Coimbra. O talento culinário deve ser creditado a quem sofreu e fugiu da guerras e da fome nos países de origem.
Quase todos os que cozinham são mulheres. De África, dão nas vistas os tons fortes e os estampados garridos das vestes dos trópicos. O omnipresente hijab remete para o contingente árabe. Mas é a esbeltez caucasiana das ucranianas que se destaca.

Muito mais do que a Ucrânia:
“É mais do que compreensível a atitude solidária para com a Ucrânia”, admite Clara Almeida, assistente social na Cruz Vermelha, que tem em curso um ativo programa de acolhimento de refugiados. A verdade, porém é que, por estes tempos, “só se fala de Ucrânia e os refugiados de outros países ressentem-se, quase como se se trate de uma nova forma de segregação”, lamenta.
Ali perto, a sudanesa do sul Akew Leak dá a entender que concorda. É certo que foi bem recebida, há três anos, vê os cinco filhos bem integrados e quer ficar por muitos anos. Mas critica a falta de apoio à integração plena, sobretudo no que se refere ao relacionamento interpessoal. “Se não fizermos amigos, se não tivermos com quem falar e conviver, que vida temos aqui?”.
Já Massouda Hedayat, afegã ativista anti-talibans e estudante de Ciências da Computação, prefere uma atitude otimista: “Continuo à espera de a minha inscrição ser aceite na universidade e, entretanto, todos os dias vou ao Departamento de Engenharia Informática, no polo II, para não perder o contacto”.

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