Opinião: Inovar no Ensino Superior

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Apesar de toda a democratização do uso da tecnologia, a inovação pedagógica baseada no uso dessa tecnologia e nas oportunidades trazidas pela transformação digital, bem como o esforço que as Instituições de Ensino Superior (IES) colocam nessas áreas, deveriam estar hoje no centro das prioridades pedagógicas. Com exames à porta, brainstorming é fundamental. Diversas instituições preveem prémios de inovação pedagógica em IES que são vistos como sendo uma competição saudável entre docentes, com o objetivo de serem os alunos os principais beneficiários dessas práticas. No Instituto Superior Técnico (IST), o Observatório de Boas práticas pedagógicas tem um lema inspirador: “se é bom, é para disseminar”. Todos os anos são aceites candidaturas de metodologias inovadoras utilizadas pelos docentes na sua atividade e 12 projetos são premiados e partilhados com a comunidade. Destaco o do Professor Miguel Mira da Silva que usa uma metodologia baseada em gestão de projetos (SCRUM) aplicada ao acompanhamento de trabalhos académicos, o que conduziu a uma taxa mais elevada de conclusão de Mestrado. Na verdade, um dos desafios é combater a taxa de abandono: segundo a DGEEC, em 19/20, apenas 30% dos alunos matriculados em mestrados concluiu esse grau académico. Mas, nem tudo tem de ser tecnologia: a nossa criatividade deve ajudar-nos a encontrar soluções “fora da caixa”. Na Universidade de Coimbra, uma professora recebeu um prémio de pedagogia por iniciar as suas aulas com uma breve meditação por entender que tal estimula a concentração e criatividade. Uma professora do IST ao esclarecer, em sala, dúvidas de diversos grupos sobre trabalhos em curso, apercebeu-se que alguns alunos estavam em processo criativo e não pretendiam ser interrompidos, tendo optado por usar um sinalizador a ativar pelos alunos, sem interromper os trabalhos dos colegas.

Ao longo dos últimos 40 anos em que o Ensino Superior se vem mantendo em constante crescimento e, particularmente, no decurso dos últimos 15 em que Mestrados e doutoramentos atingiram números de alunos matriculados que superaram claramente as expectativas, há muitas mudanças em consequência desse cenário. Houve, recentemente, 3 excelentes oportunidades para inovar em pedagogia: o processo de Bolonha, a Acreditação dos Cursos e a Pandemia. Se as primeiras nos motivaram, por exemplo, a pensar em formas de atrair e manter novos públicos, promover o diálogo e garantir que os indicadores de sucesso são monitorizados, a última colocou a ênfase na digitalização urgente. Os alunos que agora estão no Ensino Secundário, que se prevê que passem a realizar exames online, não aceitarão frequentar IES que se mantenham com metodologias de ensino tradicionais. Inspiremo-nos noutros países, nomeadamente, nos EUA, onde há estruturas de dinamização de boas práticas pedagógicas para os docentes e daí decorre uma efetiva melhoria contínua de todo o ensino ou em Escolas que acolhem os docentes e alunos com estratégias semelhantes às das “Melhores empresas para trabalhar”. Afinal, se é no Ensino Superior que se formaram líderes com essas boas estratégias basta garantir que, na Academia, o que ensinamos também se pratica de forma ativa.

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