Há ideias que nem lembra o diabo. Como esta que surgiu esta semana na África do Sul. Erguer uma “bandeira monumental” de 100 metros de altura para promover a “coesão social”.
A “monumental” ideia parece um daqueles projetos que se fazem anualmente na Europa de hoje, e que o ministro da Cultura sul-africano quis replicar para ajudar a imagem no retrovisor do Governo e, claro, uns quantos camaradas de “luta” necessitados no partido governante com a modesta verba de 22 milhões de rands ( 1,3 milhões de euros), em fim de mandato eleitoral.
Na jogada, o Estado, ou seja, os que pagam impostos, iriam começar por desembolsar 5 milhões de rands (cerca de 299 mil euros) num “estudo de viabilidade” e depois mais 17 milhões de rands (pouco mais de um milhão de euros) na instalação da gigantesca bandeira.
Esconder um país desta dimensão por debaixo do pano, significa ignorar a realidade a que foi votado pelos governantes em apenas três décadas: Um país desenvolvido que continua a registar recordes de pobreza, criminalidade, anarquia, corrupção, e desemprego – chegando aos 44,4%, e onde a administração pública tem dificuldades em funcionar por falta de “carris” roubados.
Todavia, na ótica do governante, a “grandeza” da sua instalação no Parque da Liberdade – que o partido no poder vai enchendo de estátuas gigantescas alusivas ao movimento de libertação na capital do país, Pretória, e o facto de que seria “iluminada à noite”, aumentaria o seu “fascínio”.
O ministro deste governo no fim do mundo, parece acreditar que a gigantesca bandeira contribuirá para um “monumental orgulho nacional”.
Não se percebe bem como é que alguém se pode sentir “mais orgulhoso” de ser sul-africano depois de erguida a “monumental bandeira”, ou como é que o cidadão comum se sentirá “orgulhoso do seu país” ao olhar simplesmente para tal estrutura.
Talvez o projeto seja útil a Lisboa para se aproximar das suas comunidades no estrangeiro.