Ucrânia: Ucraniano que jogou râguebi na Lousã preocupado com situação da família

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Um ucraniano que jogou râguebi na Lousã e integrou a seleção da modalidade do seu país está a salvo da guerra, em Itália, mas mostra-se receoso com a situação dos familiares que ficaram na Ucrânia.

“Estou muito preocupado com a Ucrânia e com a minha cidade, Tcherkássi, bem como com os meus parentes, amigos e conhecidos”, declarou hoje o ex-atleta Alexander Nyunin à agência Lusa.

Nascido há 47 anos em Tcherkássi, no centro da Ucrânia, Alex, como continua a ser tratado pelos amigos da Lousã, é casado e pai de duas filhas, de sete e 15 anos, tendo emigrado em 2020 para a Itália, onde trabalha como camionista.

A sua cidade natal, onde estudou e obteve importantes títulos nacionais em competições de luta livre, tem cerca de 275 mil habitantes e está situada cerca de 160 quilómetros a sudeste de Kiev, capital da Ucrânia agora sitiada pelas forças russas.

A linha ferroviária que liga a capital da Rússia, Moscovo, a Odessa, cidade ucraniana nas margens do Mar Negro, passa por Tcherkássi, Czerkasy em russo.

“A minha família [mulher e filhas] não está comigo agora. Ainda estão com amigos nossos na Polónia”, disse Alexander Nyunin.

No domingo, mais de um milhão de refugiados já tinham entrado na Polónia, principal país de acolhimento de refugiados da Ucrânia que fogem à intervenção militar ordenada por Vladimir Putin.

“A minha mãe ficou em Tcherkássi. Vou-lhe ligando enquanto está tudo bem”, lamentou o antigo elemento do Rugby Clube da Lousã (RCL), contando que, há dois anos, viajou para a Itália e passou a exercer a profissão de motorista de pesados numa empresa da zona de Milão.

Na Lousã, Alex foi operário de uma fábrica de reciclagem de borracha. Em simultâneo, envergou a camisola azul e amarela do RCL de 2000 a 2005, ano em que regressou à Ucrânia, onde integrou a seleção de râguebi de 15, entre 2004 e 2006.

“Os amigos da Lousã escreveram-me a expressar o seu apoio”, revelou à Lusa, tendo enaltecido a solidariedade dos veteranos e do fundador da associação desportiva, José Redondo.

Fabricante do “Licor Beirão”, naquela vila do distrito de Coimbra, o empresário também trocou mensagens com o amigo a informar que o ajudará em Portugal “se houver algum problema”.

“Eles ficarão felizes em acolher-me com a minha família. Muito obrigado a todos pelo apoio”, agradeceu Alex.

Dezassete anos após ter saído da Lousã, guarda “memórias calorosas e maravilhosas” de Portugal e dos portugueses.

A terminar a entrevista, o ex-campeão de luta livre proferiu palavras de incentivo à resistência dos compatriotas às tropas russas, como “glória à Ucrânia” e “glória aos heróis”.

José Redondo confirmou estar disponível para apoiar Alex, caso tenha necessidade de refúgio.

“Além de simpático, era um jogador de râguebi dotado num período muito bom do RCL. Chegou cá e começou logo a jogar”, disse.

O impulsionador local da modalidade assegura “casa por um ano” ao antigo atleta e tentará arranjar-lhe emprego se algo correr mal com ele e a família.

A fábrica do “Licor Beirão” emprega cerca de 100 pessoas, incluindo uma imigrante da Ucrânia, onde parte da família está a viver a tragédia da guerra.

“Ela e os familiares, se vierem para Portugal, terão casa, água e luz”, anunciou José Redondo.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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