Pandemia provocou alterações do sono

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Entrevista a Isabel Luzeiro, médica neurologista no Hospital CUF Coimbra e presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia

Como funciona
o relógio biológico?
O ser humano possui um relógio interno que comanda e regula as funções do corpo e essas funções apresentam um ritmo dito circadiário influenciado pelo ciclo luz-escuridão. Cada indivíduo apresenta um horário preferencial para realizar as tarefas diárias e também um maior grau de disposição em determinado período do dia.
Nos extremos desta variação fisiológica temos indivíduos do tipo matutino – as “cotovias” que tendem a deitar-se cedo e a levantar-se cedo e indivíduos do tipo vespertino – os “mochos” que tendem a deitar-se tarde e a levantar-se tarde. Estas situações não pressupõem insónia, nem se identifica com privação de sono.

Quantas horas
devemos dormir?
Qualidade e quantidade têm de se complementar. Cada pessoa, em média, deve dormir sete a oito horas. Já sabíamos que dormir pouco provoca alterações da concentração, memória e irritabilidade. Agora sabemos que o excesso de sono pode estar também associado a essas alterações. Mas uma pessoa que dorme 7 a 8 horas pode ter uma má qualidade de sono, com sintomatologia no dia seguinte incompreensível para o próprio.

Qual a perturbação
do sono mais comum?
Apesar da insónia ser a perturbação do sono mais frequente a nível mundial, afetando milhões de pessoas, continua a ser subdiagnosticada e muitos doentes não recebem o tratamento adequado. Estima-se que a prevalência anual de insónia atinja 30% a 40% dos adultos.

O que impacta
a qualidade do sono?
No último século verificou-se uma mudança drástica nos hábitos dos portugueses, que se privam de muitas horas de sono em detrimento de atividades sociais, laborais e de lazer com privação crónica de sono, transversal a todas as faixas etárias. Para além deste tipo de privação ocorre também a insónia não desejada devido às preocupações, ao stress, ao trabalho, às doenças e à dor. Entre as doenças médicas a dor (dor das doenças reumatismais, dor oncológica, dor cónica em geral) é responsável em 10% e outras doenças, nomeadamente doenças neurológicas, como o síndrome das pernas inquietas, pesadelos, epilepsia e depressão.

Toda a entrevista na edição impressa e digital de amanhã, sábado, do DIÁRIO AS BEIRAS

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