Opinião – O ano do torpor e da indolência

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Dois mil e vinte e um chega ao Natal carregando o medo de Janeiro com que abrimos o ano. O medo da desgraça e das trevas. Um medo especialmente conduzido por uma informação nefasta e negativa que olha o copo rachado, mas não observa o néctar que tem dentro. O copo rachado são os inúmeros doentes que faleceram em Janeiro, sobretudo idosos em muito mau estado, dependentes em muitas actividades de vida diária (AVDs). Também houve jovens que passaram maus bocados e alguns ainda se debatem com ele. Houve gente da minha idade que faleceu depois de estoicos combates utilizando a panóplia completa de cuidados intensivos. Mas a maioria salvou-se. Quase dois milhões de portugueses já testaram positivo para a maleita e estão em casa e com boa saúde.
A boa notícia é que toda a literatura se inclina para garantir que estes estão protegidos robusta, eficaz e longamente para as variantes presentes. Estão protegidos e não carecem de vacina nenhuma, o que irrita essa informação do breu, essa contorção dos dados, essa distorção dos factos que todos começamos a sentir. Mandaram-nos vacinar e fomos. Mandaram tomar três doses e muitos correram para ela. Mandaram andar de máscara, fechar os negócios, submeter os filhos menores à decisão da DGS. Construíram barreiras à vida para os não vacinados. Agora, as barreiras cresceram para todos, suplantam em rigor as de 2020, impedem um português de regressar a casa se for positivo num teste, exigem escolas fechadas. Vacinamos para as crianças irem à escola e ao Mc Donald e agora fechamos a escola e o restaurante! Pior são as mentiras.
A maioria dos doentes nos hospitais de hoje está vacinada e o contrário é uma falsidade que se tem veiculado. Claro que há não vacinados e “negacionistas” afectados. Mas não carece de ser uma festa cada vez que cai um. Também não é uma festa se um triplo vacinado morre – e já morreram vários. E não há entrevistas aos vacinados que foram às UCI.
Também não é alegria quando morre alguém de efeitos secundários das vacinas – e já morreram. Estamos a aprender e a crescer com a experiência. Temos um animal feroz que se replica e produz mutações do seu RNA e o faz tantas vezes e tão depressa que forma inúmeras variantes (imaginem os cães – tantas raças, sabemos que são cães, mas são todos diferentes). O medo é nascer a variante que mata dez de cada cem que contraem a doença – mas essa não apareceu! Lançar o medo sobre 2022 será inaceitável do ponto de vista da sociedade, da educação, da formação das pessoas.
As grandes opções seriam deixar cair a TAP e fortalecer a segurança social e a saúde. Um serviço robusto e com capacidade de aguentar desperdício durante dois anos. Eficiência era acabar com a loucura bancária e dar lugar aos projectos mais fortes que estão a emergir do caos financeiro dos criadores e beneficiários do subprime em 2008. Há boas notícias na criatividade da nova geração que reinventa o sistema financeiro.
Numa crise de saúde devemos investir na habitação reduzindo os custos da energia, na melhoria do que comemos, na melhoria da prevenção, e do tratamento das pessoas. O torpor e o medo têm de sair do discurso constante no dia em que nove mil testes deram positivo e dez dias depois internámos apenas vinte pessoas. O vírus está a cumprir a sua adaptação e aparentemente já matou muitos dos que lhe eram susceptíveis. Os outros são seus nichos de sobrevivência.
A genética é a estrutura que nos defende das novas pragas, que o digam as tribos dizimadas pela costa dos descobrimentos. Sobraram os que estavam protegidos sem saber. Nesta doença são mais de 95 % – grande e boa notícia para espalhar em 2022.

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