Opinião: Chover no molhado

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Aproximando-se novo acto eleitoral, para a escolha do poder legislativo donde sairá o poder executivo, ou seja, parlamento e governo, abre-se nova oportunidade para vincar a relevância das matérias ambientais, das alterações climáticas, da quebra da biodiversidade, em suma, do futuro da nossa qualidade de vida.

Ou abrir-se-ia. Infelizmente, tirando casos esporádicos, esta foi uma matéria arredada dos debates e da campanha. Certo, foi referida por alguns, poucos apresentando argumentos que revelam a compreensão da magnitude do problema e da sua emergência.

Será, contudo, sempre uma oportunidade para os eleitores fazerem sentir as suas preocupações, por isso esta minha chuva no molhado.

Esta passagem de ano foi uma ceifeira de vultos da defesa da biodiversidade. Nomes marcantes para quem trabalha nestas matérias.

Nomes que, da investigação e conhecimento científico estenderam a acção aos alertas e à preservação da biodiversidade.

O dia de Natal de 2021 viu partir Thomas Lovejoy. Biólogo norte-americano com trabalho relevante no Brasil a nível do estudo dos efeitos da desmatação das florestas na ecologia regional.

Para além dos programas de preservação que resultaram do seu trabalho foi uma das vozes ( já na década de 1970 ) que alertaram para a possibilidade de se estar a iniciar uma extinção em massa decorrente da destruição ambiental.

Edward Wilson, outro biólogo norte-americano, seguiu-lhe o caminho no dia seguinte. Edward Wilson desenvolveu uma forte investigação no âmbito da socio-biologia (ramo que estuda as relações sociais de populações animais), tendo também desenvolvido trabalhos no âmbito da biogeografia.

No seguimento desses estudos preocupou-se com o quadro de extinção em massa e das suas consequências para o ser humano. Publicou alertas, pressionou leis, originou a criação de uma base de dados global, a Enciclopédia da Vida.

Lançou a hipótese de deixar 50% da superfície da Terra para as espécies se desenvolverem como uma estratégia possível para solucionar a crise de extinção.

Ao segundo dia do ano de 2022 foi a vez de Richard Leakey, paleontólogo queniano. Leakey descendia de uma família de paleontólogos dedicados ao estudo da evolução humana, com trabalho profundo no Quénia.

Esse ambiente terá orientado o seu interesse na matéria.

A sua vida evoluiu de paleontólogo para conservacionista. Em 1989 foi nomeado para dirigir o departamento de gestão de fauna selvagem do Quénia, tendo desenvolvido uma forte luta contra o furtivismo que, na época, dizimava as populações de elefantes.

Na sequência da sua acção o furtivismo diminuiu drasticamente.

São vultos que nos deixam marca e inspiram para continuar a chover no molhado.

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