Opinião – COVID-19: Outros vírus respiratórios não desapareceram!

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A 5.ª vaga surge com 85% da população com “vacinação completa” e com os internamentos hospitalares a diminuírem. Menos 75% em enfermaria e menos 79% em cuidados intensivos, dados de 1.12.2021 comparados com período homologo.
É verdade, a vacina em adultos e sobretudo acima dos 65 anos de idade resulta.
Em relação às crianças entre os 5 e os 11 anos, os 400 casos por dia que temos neste grupo correspondem apenas a 14% do total. E como a quase totalidade destas crianças tem poucos ou nenhuns sintomas, o impacto nos serviços de saúde é residual.
Todavia, vamos acabar o 1º trimestre de aulas com mais jovens em isolamento do que em 2020, apesar da taxa de vacinação e da diminuição dos casos positivos, nomeadamente na faixa etária até aos 9 anos, praticamente o dobro do ano anterior!
Apesar da vacinação em crianças poder ajudar a limitar a transmissão, será que à semelhança da decisão da Finlândia só deveríamos vacinar as crianças imunodeprimidas, dibáticas, obesas ou com outros fatores de risco para doença grave?
A análise risco-benefício, considerando os custos de vacina, da logística de administração, do que se deixa de fazer de seguimentos de doentes crónicos e de prevenção no Centros de Saúde, o mais sensato seria vacinar apenas grupos de risco, onde as relações benefício esperado/risco potencial e custo/ benefício são mais favoráveis.
No caso da escola, a maior parte da fatura não é imediata; chegará nos próximos anos e décadas, com aprendizagens perdidas, saúde mental comprometida, entraves no mercado do trabalho.
O que impede as crianças de ir à escola são as normas da DGS. Porque não seguir as recomendações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças que escreve que as “estratégias test-to-stay” servem para “minimizar a disrupção e o absentismo escolar”. Quem tiver um teste positivo é isolado em casa, os restantes vão ficando pela escola e não em isolamento profilático, tendo em conta uma positividade de no máximo 3%.
Já alguém ouviu falar de fechar creches por casos de infeção por vírus sincicial respiratório (VSR), o vírus responsável pela maioria ( 80%) das bronquiolites, sendo responsável por 40% das pneumonias e de internamentos em cuidados intensivos pediátricos? Pois, não! Façamos então o mesmo com a Covid.
Não podemos esquecer que em 2020, o isolamento social, as medidas de etiqueta respiratória e a utilização de máscara impediram a sua circulação, evitando que o pico sazonal de inverno acontecesse. Como resultado, os bebés e crianças não adoeceram, mas também não desenvolveram imunidade.
Em 2021, aumentaram drasticamente (no Pediátrico de Coimbra, 380%) as infeções por VSR com impacto significativo na afluência às urgências e número de internamentos, inclusive ao nível das unidades de cuidados intermédios e intensivos pediátricos, dado que se mantém desde o verão uma incidência e gravidade de infeções por este vírus acima do habitual para a época do ano.
Esta pandemia veio mudar o mundo e a forma como nos relacionamos, mas também veio mostrar que os outros vírus respiratórios não desapareceram: estão presentes, evoluíram e têm comportamentos inesperados.
O SARS-Cov 2 é já endémico. Vamos continuar a ter ciclos endémicos. Temos todos de saber viver com ele. Administre-se a 3ª. dose a quem necessita dela.

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