“Estamos a renovar a oferta formativa no sentido de a tornar mais flexível”

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DR-O diretor Álvaro Garrido deu a conhecer as principais novidades para os próximos meses

O que é a FEUC nos dias de hoje?

A FEUC é uma faculdade muito coesa cuja qualidade assenta nas sinergias entre investigação e ensino e nas suas dinâmicas de internacionalização. Temos um compromisso muito claro com a qualidade de ensino, o que se reflete na organização pedagógica e numa visível coesão entre os docentes, os serviços e as organizações de estudantes. Uma das marcas singulares da FEUC e um dos seus pontos fortes reside, sem dúvida, na qualidade do ambiente interno.

No ano letivo em curso – nos anos anteriores a média tem sido semelhante – 43 por cento dos nossos estudantes são estudantes inscritos em cursos de pós-graduação, o que traduz um bom equilíbrio entre o ensino graduado e pós-graduado. Este último inclui uma realidade diversa: 11 mestrados, 14 doutoramentos e 11 cursos não conferentes de grau.

Os programas de mobilidade e as práticas de internacionalização têm boa tradição na FEUC e encontram-se em pleno desenvolvimento. Nos últimos três anos letivos, apesar das perturbações da pandemia, tivemos estudantes de 55 nacionalidades diferentes, o que confere ao nosso ambiente de ensino uma natureza aberta e cosmopolita, visível em todas as áreas do conhecimento e particularmente forte na área das Relações Internacionais. Na área da Gestão de Empresas, por exemplo, a FEUC evidencia uma boa dinâmica, nomeadamente na procura que se regista nos cursos de mestrado em Gestão, no mestrado em Contabilidade em Finanças, no Mestrado em Marketing e no MBA Executivos.

As áreas de Economia e Gestão são fundamentais nas nossas dinâmicas e no modo como nos posicionamos perante outras instituições, tanto mais que se trata de áreas de ensino e de investigação particularmente competitivas. Atualmente, 60 % dos nossos alunos (num universo de 2.700) são estudantes de Economia e Gestão. A Licenciatura em Economia da FEUC é das maiores do país em número de vagas do Concurso Nacional de Acesso.

Como é que a escola tem estado a lidar com as mais recentes notícias do aumento de casos de pessoas infetadas com covid-19?
Com natural expectativa, mas com grande serenidade e optimismo. Durante estes quase dois anos aprendemos muito com esta experiência inusitada e habituámo-nos a lidar com o princípio da incerteza, que conhecemos bem da Economia e da Sociologia.

Para combater a incerteza inerente aos avanços e recuos da pandemia, contamos com o apoio da Universidade de Coimbra, que tem dado provas de grande firmeza na gestão da pandemia, tomando boas decisões de forma a garantir a segurança da comunidade académica. Não será diferente desta vez, mas esperamos que o regresso à normalidade possível esteja para breve, dado o balanço altamente positivo que devemos fazer da vacinação em Portugal.

Contando com a compreensão e sentido de responsabilidade de toda a comunidade académica, vamos estar atentos aos desenvolvimentos da pandemia, nos próximos dias e semanas, e tomaremos as indispensáveis medidas preventivas, em coerência com as decisões da Reitoria da UC e das autoridades de saúde. Não há outro modo de gerir uma faculdade nestes tempos conturbados senão ao dia ou ao minuto. A contingência de toda esta situação é a realidade que ainda temos.

No discurso de posse alertou para o facto da falta de espaços na FEUC dificultar a vida da instituição. Há novidades?
Alertei e continuo a atribuir ao problema das instalações uma centralidade inequívoca. Desde o “processo de Bolonha”, há cerca de 15 anos, a FEUC fez um caminho de crescimento e de diversificação da sua oferta formativa. Para poder concretizar um novo ciclo de crescimento e oferecer melhores condições de trabalho – hoje um fator decisivo da atratividade das instituições – aos seus estudantes, docentes e funcionários precisamos urgentemente de melhores instalações e de mais edificado.

Em matéria de obras e do edificado, desde que tomei posse, há cerca de dois anos, começámos a trabalhar com a Reitoria, em excelente cooperação, para encontrarmos as melhores opções. Beneficiando da sensibilidade do senhor Reitor para esta questão e do extraordinário empenho do vice-reitor Alfredo Dias, em 2020 e 2021 fizemos um diagnóstico detalhado sobre as condições de manutenção dos atuais edifícios da FEUC e vamos ter obras de beneficiação em breve; primeiro, no bloco de investigação e, de seguida, no bloco de ensino.

Em outubro de 2021 adquirimos um terreno contíguo à FEUC, cujo processo estava há muito bloqueado, e que nos permite encarar um plano de crescimento que passa pela Avenida Dias da Silva, o nosso lugar natural, onde queremos viver outros 50 anos de serviço à comunidade. Acresce o projeto de instalação do CeBER no principal edifício do Instituto Geofísico, que avança a bom ritmo e cujo programa de base está concluído. Considero de primeiro plano a questão das instalações do CeBER, de forma a robustecer as perspetivas de futuro deste centro de investigação.

Como é que a FEUC tem conseguido reduzir o impacto desta situação (falta de espaço)?
É a nossa realidade e, por isso, temos uma organização interna adequada aos espaços disponíveis. O número de salas de aula e de anfiteatros precisaria de ser um pouco maior, bem como os espaços polivalentes.

Além das obras que referi, ainda em 2022 será construída uma sala polivalente destinada a atividades das organizações dos estudantes e outras, que será um complemento importante à sobreutilização do auditório. Diariamente, temos muitas atividades não letivas ou com ligação à atividade letiva que dão à faculdade uma dinâmica muito interessante e isso implica espaço e logística.

Apesar das limitações de espaço e da dificuldade em compensar as saídas de docentes e funcionários por aposentação, estamos a renovar a oferta formativa no sentido de a tornar mais flexível e adequada aos perfis da procura, que está em acelerada mudança.

No ano letivo de 2022–23, no primeiro semestre, daremos início a um curso de pós-graduação em Relações Económicas Internacionais, lecionado em língua inglesa, que construímos em parceria com a City University de Macau na sequência de negociações estabelecidas com apoio da Reitoria da UC.

Além disso, estamos a preparar um curso de mestrado, também em Inglês, na área das Relações Internacionais (um Erasmus+) e vamos renovar os planos de estudos das licenciaturas e mestrados em Economia e Gestão no sentido da sua acreditação internacional, que é muito exigente e supõe um claro aumento das dinâmicas de mobilidade internacional dos estudantes.

Além destes processos de renovação, estamos a concluir a acreditação internacional do MBA Executivos, cuja qualidade é cada vez mais reconhecida, e vamos criar, já em setembro de 2022, uma Pós-Graduação em Marketing Digital no âmbito do Mestrado em Marketing, que está a ser renovado para esse fim. Em breve, teremos também um salto de renovação da oferta formativa numa área em que a FEUC tem um fortíssimo reconhecimento, a Economia Social.

Quais são os principais desafios que a FEUC enfrenta no curto e no médio prazo?

Para os próximos tempos, desejo que possamos iniciar e concluir o segundo semestre deste ano letivo de forma presencial e que comecemos a preparar com ousadia o programa de comemorações dos 50 anos da FEUC, cujas iniciativas decorrerão entre 2 de dezembro de 2022 e 2 de dezembro de 2023.

De alguma forma, este 49.º aniversário funciona como antecâmara dos 50 anos, cujo programa vamos anunciar desde já nas suas linhas fundamentais. Os aniversários são uma oportunidade para projetar o futuro. E é do futuro que vivem as instituições.

A médio prazo, saliento dois eixos estratégicos que tenho enunciado com clareza e onde devemos colocar mais recursos e empenho para podermos melhorar: a relação com as empresas e organizações do terceiro setor e o reforço das nossas dinâmicas e redes de investigação científica de âmbito internacional.

A FEUC tem feito um esforço para aumentar a investigação interna. Esse trabalho tem produzido resultados externamente?

A investigação científica de qualidade tem hoje um vínculo fundamental com a internacionalização e deve produzir evidências de impacto na sociedade. Não há ensino de qualidade sem investigação que lhe dê lastro e sem redes internacionais que a renovem.

A esmagadora maioria dos docentes da FEUC (cerca de 90%) pertencem, como investigadores integrados, a dois centros de investigação de excelência: o CeBER (Centre for Business and Economics Research) e o CES (Centro de Estudos Sociais). Através da renovação e ampliação dos dispositivos de estímulo à investigação científica de qualidade, temos reforçado as sinergias da Faculdade com esses dois centros de investigação, com os quais temos cultivado um relacionamento excelente, assente em princípios de boa cooperação e reciprocidade.

Salvaguardando as áreas científicas de cada um, há uma forte dinâmica de envolvimento em projectos que obtiveram financiamento competitivo, apesar das dificuldades que se sentem na política de financiamento da FCT nas áreas de Economia e Gestão, que está longe de ter critérios indiscutíveis. Actualmente, temos docentes envolvidos em mais de cinquenta projetos financiados, devendo destacar um projeto financiado pelo European Research Council. Este ano identificamos 22 projetos financiados pela FCT e por outras entidades, nomeadamente da EU, que têm como investigadores responsáveis docentes da FEUC. Pretendemos consolidar estas evidências e incrementá-las, contratando bem quando tivermos oportunidade de fazer novos recrutamentos de docentes e criando um ambiente interno de maior sinergia entre a investigação e o ensino.

Creio, também, que já acostumamos as pessoas, os parceiros e a Cidade a novas dinâmicas de interacção com a comunidade, a exemplo do que fizemos com a programação de arranque deste e do ano letivo e do anterior e de todo um conjunto de iniciativas científicas, entre as quais destaco a CAED (Comparative Analysis of Enterprise Data), realizada há cerca de duas semanas, e o CONLAB 2021 (XIV Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais), juntamente com as atividades da Cátedra OIT, do Centro de Excelência Jean Monnet, da Cátedra Boaventura de Sousa Santos e muitas outras iniciativas.

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