Opinião: O 11 de Setembro de 2001

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Lembro-me bem desse dia. Estava em Londres, na emissora britânica, a editar o Jornal da Tarde para apresentar às 17 horas, em português, uma das 43 línguas em que o Serviço Mundial da BBC transmitia para uma audiência global de 150 milhões de pessoas à época.
Faltavam ainda pelo menos três anos para as redes sociais serem criadas. Na BBC de Londres, fazia-se rádio com fita magnética onde se gravavam entrevistas pelo telefone e escrevia-se a versão 0.1 do manual de jornalismo digital.
Nesse ano, o foco do investimento da BBC era curiosamente no Afeganistão, Iraque e Somália, para alcançar novas audiências significativas em pashto, persa, árabe, urdu e somali.
Naquela bela manhã de terça-feira, o céu estava limpo sem uma nuvem em Nova Iorque e Washington, onde 24% dos “opinion formers” ouviam semanalmente a BBC, quando o primeiro avião se despenhou contra as Torres Gémeas por volta das nove horas, hora local.
Era um voo procedente de Boston com destino a Los Angeles. Os sequestradores iludiram os controladores de tráfego aéreo, usando o rio Hudson como referência até Nova Iorque.
Ao saber dos primeiros relatos não confirmados sobre o atentado contra o World Trade Centre, minutos depois das 14h, hora de Londres, liguei de imediato para várias pessoas, incluindo um jornalista amigo da Voz da América, no Pentágono.
Na década de 1990, na África do Sul, vivemos o mundo quente das guerras regionais quando também acompanhei o fim do conflito armado em Angola e em outros países, para a agência noticiosa Lusa.
Acabei por ver em direto pela BBC News o embate do segundo avião. A principal preocupação era o que aquilo poderia significar. É difícil imaginar a perda profunda, o caos e a incerteza que, aliás, voltei a testemunhar no Iraque como correspondente de guerra da BBC.
Vinte anos depois, o mundo volta a lidar com o Afeganistão e o conceito de terrorismo de Bin Laden. Que novas peças irá a atual sociedade internacional juntar desta vez?

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