Opinião: Das task forces… em geral!

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Aproveito a rentrée para falar de um tema que foge à lógica das minhas últimas crónicas. Vou hoje falar dos sucessos da nossa task force para a vacinação. Não posso deixar de saudar o seu aclamado líder, já desejado para outros voos, nomeadamente na política.

Todavia, se me permitem, não vejo nenhuma razão para tais aclamações nem para tal deslumbre. É verdade que estamos a vacinar a muito bom ritmo, como a generalidade dos países… nada de novo, portanto. Na verdade, a maior adesão dos portugueses tem facilitado o trabalho e permitido que se tenham alcançados os números que bem conhecemos. Ou seja, nem mais nem menos do que seria de esperar.

Bom, de que consta o trabalho notável da task force? Gerir 3 vacinas, com datas de chegada previstas, um corpo de pessoal sem grandes limitações, um agendamento de inoculações e… já está! Há alguma coisa de notável nisto? Conseguem descobrir aqui algo de superlativo?

Convenhamos, não vejo aqui nada de especial. Eu aproveito para recordar que qualquer grande empresa de retalho gere milhares de referências, destinadas a milhares de pontos de venda, com programas de refrigeração, de produtos de alta perecibilidade, entre outros, e sem agendamento de compras.

Na verdade… ter o nosso leite… os nossos iogurtes, o pão fresco, etc… etc… todas as manhãs, isso sim… deve parecer um milagre. Mas não é… é apenas normalidade. Perdoem-me os mais entusiastas de tudo isto… mas eu não vi nada de especial… apenas uma feliz, desejada e muito esperada normalidade.

Vamos então ao que interessa. Eu não estou, obviamente, a retirar mérito ao trabalho notável, bem feito, com elevados padrões de eficiência (que não conhecemos bem, porque não nos avançam os recursos e custos envolvidos) da task force e do senhor Almirante. O que acontece é que ele está a fazer um trabalho bem feito e nós já não estamos habituados a ver trabalho bem feito na esfera pública.

Assistimos ao começo risível das atividades da task force… vimos como no auge da pandemia nem havia um sistema centralizados de gestão de camas, vemos amadorismo em todas as esferas da vida pública e, a infestação de boys incompetentes repete este cenário um pouco por todo o lado. Este é o nosso normal. Não surpreende por isso que, quando chega alguém sério, comprometido, que oferece uma liderança sólida e incontestável, as coisas simplesmente fluem e acontecem. Certamente terão ocorrido falhas, algumas filas, alguns desacertos… mas não houve cacofonia! Os problemas foram apenas resolvidos. Normal, portanto.

Esta task force e o trabalho meritório do nosso Almirante deveriam ficar-nos na memória. Ele não fez nada mais do que algo normal e nós deveríamos habituar-nos a exigir nada menos que este normal. É tempo de perceber que não podemos alimentar tanta incompetência de uma gente formada nas “universidades de verão” dos partidos, e perceber o papel básico, mas fundamental, que o conhecimento e a liderança têm no funcionamento de um país, de um governo, de uma secretaria de estado, de uma Universidade, de uma task force… enfim, de tudo.

E porque eu sei que temos um país onde abundam almirantes deste calibre, gente bem formada, em boas escolas, nas vidas civil, militar e outras, com excelentes CVs e em lugares que nem sempre fazem jus às suas verdadeiras qualidades, que tal se fossemos mais exigentes com as pessoas e com os serviços inenarráveis com que nos confrontamos todos os dias. Da minha Universidade, como de outras Universidades, saem todos os dias jovens bem formados, cheios de esperança e ilusão, e que merecem ser os “almirantes” deste país, capazes de comandar as task forces que façam deste um país a sério. Não nos podemos permitir tolerar nada menos do que esta desejada normalidade.

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