Diversos fatores têm vindo a criar uma pressão elevada em vários setores industriais, surgindo necessidades de produção que decorrem quer do crescimento competitivo quer, mais recentemente, do contexto pandémico que trouxe consigo a necessidade do aumento da produção para evitar quebras nas cadeias de fornecimento globais.
Este crescimento requer recursos, sentindo-se cada vez mais as dificuldades de captação e renovação de recursos humanos. O processo de reindustrialização em curso requer a captação de novos talentos, não só em Portugal como em toda a União Europeia, onde a indústria é considerada fundamental para o futuro progresso Europeu, sabendo-se que representa mais de 20% da economia da UE e emprega cerca de 35 milhões de pessoas.
Às atividades industriais, nomeadamente nas indústrias tradicionais, associa-se muitas vezes uma imagem pouco atrativa, caracterizada por empregos menos qualificados, processos pouco automatizados e, genericamente, piores condições de trabalho. Foi este um dos motivos que conduziu ao quase encerramento de diversos setores industriais em vários países da Europa, com a consequente deslocalização das atividades produtivas para países de mão-de-obra barata. A dificuldade de captação de público jovem para ingressar em profissões com uma vertente tecnológica e operacional associada à indústria resultou no envelhecimento das estruturas de recursos humanos nestas empresas, nas quais se vivem as constantes dificuldades da falta de recursos disponíveis, um entrave ao seu crescimento que advém também da falta de currículos escolares e profissionais direcionados para áreas técnicas da indústria.
E que motivação pode existir para trabalhar em ambiente industrial? A crescente digitalização traz novas oportunidades, mas são necessárias melhores condições de trabalho para tornar mais atrativos estes locais de trabalho. E são necessários jovens para continuar a criar valor nestas organizações que têm necessidades contínuas de investimento em tecnologias emergentes, muitas vezes de elevado risco tecnológico.
As tecnologias digitais têm, neste contexto, um papel muito importante – um trabalhador pode ambicionar ter no seu ambiente de trabalho numa indústria, tecnologia que permita um grau de interação equiparável ao que encontra noutros ambientes, desde o seu Smartphone à sua Smart TV ou até à sua viatura.
A aposta na sustentabilidade futura da Indústria terá de ser feita com base na sensibilização e orientação de jovens para áreas profissionais no âmbito da tecnologia, indústria e inovação, contribuindo para a sua orientação vocacional quer através da demonstração das necessidades do mercado de trabalho que a indústria disponibiliza, quer das suas elevadas taxas de empregabilidade, nomeadamente dos cursos de engenharia e tecnologia. E, no final, procurando melhorar a imagem que se tem da indústria, demonstrando a sua importância para a Sociedade e para a economia portuguesa e europeia.