Opinião: EGOS gigantes

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A tolerância tem uma dificuldade exacerbada quando encontra o ego. São duas almas que se conflituam e sobretudo se o eu é maior que o próprio corpo. Há uma dificuldade enorme na avaliação que fazemos do selfie, porque a observação a partir de dentro é dócil, é amigável e tende a ser favorável. O ego de uma pessoa de um metro e sessenta pode ser do tamanho de um elefante. Essa pessoa derruba com facilidade objectos, bate ou raspa com o carro, entra em conflito fácil, discute elevando a voz e muitas vezes anda com a tromba altiva. Um egoísta é muito afável até que lhe pisem a opinião, até que o contradigam. Difícil é não controlar, não definir o caminho. O ego enorme que derrama dos corpos pode surgir depois de uma nomeação.
A pessoa aparenta serenidade e bom senso, mas um dia espiga, exibe a medalha, lustra a condecoração e já não conhece amigos, já não telefona aos do quotidiano, já não participa de decisões a ninguém, não se aconselha. A tolerância é mais fraca que o ego e por isso se dilui depressa quando este cresce. O ego é como os corpos cavernosos, é esponjoso e absorvente, e desse modo cresce quando se excita. Excita-se com a vaidade, com a exposição, com a sedução. Um eu importante nunca tem culpa. São sempre os outros.
A verdade nunca vem de fora. Hoje a exibição da vaidade é tanta que há quem vá a Paris e só se veja a si próprio nas recordações. Há quem não reconheça o nome dos lugares onde esteve, esqueça as pessoas com quem passou a tarde, recorde apenas o que disse. Lembrei-me agora dos pavões da doença viral do momento. Houve quem dissesse tudo e o seu contrário, quem afirmasse que não havia imunidade da doença, quem jurasse que a melhor defesa era a da vacina, quem garantisse que o bicho atacava nos jornais e vivia 15 dias na mesa do café. Após inúmeros desmentidos das suas certezas mantinham as posições iluminadas. Vaidosos! Também houve quem dissesse todo o contrário e uma enormidade de imprudências. Falavam vanglórias onde a ignorância era total – uns e outros.
Não saber é natural, não ser capaz é normal, desconhecer é fruto da surpresa. Fomos surpreendidos e estamos em processo de construção e de aprendizagem. Sem problema, mas com cautela e prudência por favor. O ego enorme parte loiças na perfumaria, derruba cacos na vitrina. A vaidade bem doseada, associada com um pouco de objectivo e de ambição devia tomar-se em tablets para ajudar. A imaginação e a capacidade organizativa deviam chegar noutra caixa de comprimidos. Já o ego bojudo carecia de doses homeopáticas.

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