Opinião: Das equipas que ganham…

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Já falei nesta coluna de produtividade, ainda não falei de competitividade, mas hoje vou falar do soft side da produtividade X competitividade. Vou por isso centrar-me num negócio trivial, baseado num produto igualmente trivial, que nos deixa a nu o drama de como ser mais competitivo.

Estou a pensar no fabrico de iogurtes. Nada pode ser mais fácil do que a produção de iogurtes (de que eu não percebo nada): na verdade, todos nós podemos fazer de forma caseira os nossos iogurtes, usando uma iogurteira ou, o processo ainda mais simples, baseado na utilização do kefir. Porque estarei eu a usar este exemplo? Porque se um fabricante de iogurtes desejar diferenciar-se da concorrência, que recursos pode ele usar?

As máquinas usadas no processo produtivo dos iogurtes vêm todas dos mesmos fabricantes, as bactérias e outros aditivos usados na fermentação, aromatização e conservação dos iogurtes têm origem nos mesmos laboratórios, o leite vem das mesmas vacas (ainda que algumas possam ser mais felizes que outras…) e, até os engenheiros, biólogos, gestores, entre outros, são formados nas mesmas universidades. Nestas circunstâncias, o que pode um fabricante fazer que outros não possam replicar de imediato? Que argumentos lhe restam para poder ser visto como diferente e único?

Do meu ponto de vista, a capacidade de captar os melhores talentos, a capacidade para criar equipas de trabalha altamente performantes, tudo isto assente numa liderança visionária e mobilizadora, são o lado com mais potencial diferenciador. São estes os recursos a que estou a chamar de “soft side” da produtividade X competitividade.

Desta vez vou concentrar-me, no essencial, na importância das equipas e da importância que têm na gestão das organizações. As equipas são importantes quer para o funcionamento das empresas, quer para o bem-estar dos próprios trabalhadores. As esquipas são um perfeito “amortecedor” nas relações entre o trabalhador e a empresa: uma hierarquia pesada, uma chefia difícil, regras excessivas podem ser excessivamente opressivas, assustadoras e desmotivadoras para os trabalhadores.

Ao mesmo tempo, as equipas, para além de amortecerem este efeito, criam um espaço de segurança, reconhecimento, de aconchego, que protege os trabalhadores de um ambiente que pode chegar a ser hostil, com origem interna ou externa – não esqueçamos que os trabalhadores têm uma vida própria nem sempre muito segura ou satisfatória… As equipas são um espaço de afiliação, segurança, tranquilidade, de integração e reconhecimento, que devem dar às pessoas uma sensação de maior controlo sobre as suas vidas.

Ao mesmo tempo, elas podem criar as condições que levam um trabalhador a identificar-se e a sentir-se comprometido com a sua empresa e com os seus objetivos, a ter vontade de se superar, de ser mais criativo e de dar o melhor de si mesmo, num círculo virtuoso que beneficia simultaneamente o empregado e o empregador.

Este círculo virtuoso, como muitos outros círculos virtuosos (que não são assim tantos) têm, contudo, sido amplamente negligenciados, para usar uma linguagem soft.

A performance das equipas tem demonstrado à saciedade como o todo é muito superior à soma das partes: ela é o resultado de uma ação que envolve o somatório das performances individuais com um conjunto de processos grupais, que lhe conferem um potencial pouco explorado. Estes processos grupais são, naturalmente, a parte mais difícil de identificar e medir, mais difíceis de replicar e ensinar, e que envolvem uma certa “magia” que vai desde a escolha da equipa à forma como ela é liderada. E a realidade tem mostrado como algumas equipas, às vezes olhadas como mais frágeis, obtêm resultados surpreendentes: a “magia” parece realmente funcionar.

Na verdade, as equipas têm o potencial para pôr toda a gente a trabalhar de forma direcionada, rumo a um objetivo comum. Elas fazem com que as realizações coletivas e individuais convirjam, com que as vitórias de todos sejam vividas como as vitórias de cada um. As equipas fazem com que pessoas comuns alcancem feitos verdadeiramente incomuns. Deixemos que as pequenas equipas dentro das nossas empresas façam de nós uma grande equipa que ganha… como esperamos que venha a ser o caso da nossa seleção!

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