O edificado do Cabo Mondego merece um projeto marcante, fora da linha do que tem sido feito na Figueira da Foz em termos de recuperação do património. Sejam os artistas, entre arquitetos e engenheiros, e os decisores capazes de desfazer uma tradição local: a incapacidade em utilizar o património histórico, dando-lhe nova vida e alma.
A minha ideia para o edificado é uma espécie de “Bauhaus” da transformação do que existe naquilo que o futuro pede: eficiência energética, sustentabilidade e integração na paisagem. Se conseguirem para o edificado do Mondego preencher com estes requisitos, certamente que valorizam a Figueira enquanto unidade orgânica.
Obviamente que o edificado industrial e extrativista do cabo Mondego merece que seja respeitada a memória histórica. Contudo, não defendo que seja transformado em “Museu”. A museulização excessiva conduz ao subaproveitamento dos espaços e até à sua ineficácia enquanto polos de atração. Interessa reabilitar o edificado para que este possa ser vivenciado por todos e não apenas por alguns.
Alojamentos turísticos, restaurantes, cafés e um novo centro cultural? Sim com certeza, precisamos de mais qualidade e oferta turística que tanto no inverno como no verão traga pessoas à Figueira.
Tal como afirmou a fotografa Janine Barreto ao jornal Público, em 2020, “algo deveria mudar na paisagem, mesmo até para fazer justiça à beleza dos elementos que ali convergem: a montanha, o mar e as falésias, que escondem, no seu interior, os fósseis de animais e plantas do período Jurássico, um dos testemunhos mais importantes da história geológica de Portugal. É urgente valorizar este espaço natural, incluindo a reabilitação do edificado para fins turísticos e de lazer e torná-lo acessível a todos.