Opinião: As novas tecnologias- a teleconsulta

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A nossa existência vê-se agora presa a uma aprendizagem, de novas formas de viver, sobreviver, trabalhar, permanecer saudáveis, e sobretudo estar próximos de quem se gosta, pois são tempos que exigem grande capacidade de adaptação.
Mas o estar-se preso aos écrans, em videochamadas, tornou-se quase num hábito, com causas e consequências, ainda desconhecidas.
A fadiga tem vindo a acentuar-se e ser alvo de estudo, por forma a evitar a exaustão dos utilizadores. No entanto, este aspeto contrasta com o “conforto do lar”, uma vez que deste modo não haverá deslocações para o local de trabalho ou estudo e, inclusivamente, tempo gasto, em deslocações.
Contudo a Internet, tão imprescindível nos nossos dias, não tem por vezes a velocidade precisa e imprescindível, para que crianças e jovens possam assistir às aulas e adultos, possam realizar o seu trabalho remotamente!
A solidão dos nossos idosos é colmatada com a televisão e até a rádio.
Os telefones móveis, esses aproximam pessoas, sorrisos e amores. Simplesmente grande parte da população idosa tem compreensíveis dificuldades em lidar com as novas tecnologias, em particular com a Internet, afetando a qualidade de vida, quando cada vez mais lhes é exigido que tudo ou quase tudo “passe” pela Internet.
E vejamos como será o resultado prático de uma teleconsulta…tão apreciada por uns e tão rejeitada por outros, tendo encontrado o seu auge, agora com a pandemia e com o reinventar de estratégias.
Importa salientar que todo este avanço da tecnologia não é certamente o melhor caminho para tantos utentes, essencialmente para aqueles a que o desgaste da vida roubou o poder de escutar o sussurrar do vento, o chilrear da ave ao entardecer, ou até mesmo o apelo da vizinha. Quantas vezes procuram através de gestos, do simples olhar, do mover dos lábios, entender essa linguagem universal… Quando as preocupações os assolam, as dores teimam em doer, lá estão eles à espera daquela consulta, daquele contacto, do olhar nos olhos o médico de família, tão próximo quanto possível, disponível no cumprimento da sua obrigação, profissional humano e tantas vezes amigo, e quantos há ainda, a considerá-lo tratar-se da “família”. Sem dúvida, tantas vezes o confidente, pois acreditam e sabem que, após o diagnóstico, haverá certamente uma solução. Além de que poderá compreender essa dor sentida, esse nó na garganta, essa apatia, o medo e apaziguar as mágoas da vida, ou ainda consultar um recém-nascido…. Sem dúvida, ser médico é tudo isso, é essa cumplicidade e o não ser somente estar ali, do outro lado da linha e passar uma receita! Porém com a teleconsulta, essa realidade desfaz-se, torna-se perturbadora para o utente e embaraçosa para o médico. Entre sintomas, dúvidas, esclarecimentos, toda a relação médico doente, e que é sem dúvida fundamental, é perdida deste modo, certamente porque não subsiste, numa teleconsulta!

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