Deve começar-se a abordar a construção de um hospital novo? No próximo domingo, muitos discursos, mais ou menos inflamados, mais ou menos focados na dita, vão ser proferidos sobre “a liberdade”, aquela que “a sério”, como canta Sérgio Godinho, só o é quando há “a paz, o pão, habitação, saúde, educação”. 47 anos depois do 25 de abril, constatamos que Democratizamos bem, Descolonizamos mal e Desenvolvemos insuficientemente.
No que diz respeito à Saúde, não me lembro de qualquer ministro que não tenha anunciado um reforço de verbas para o setor – e, no entanto, a despesa efetiva, consolidada no final de cada ano, é cronicamente bastante superior ao orçamento inicial, assim se alimentando uma dívida aparentemente fatal e até agora sem vacina. A culpa, dizem os entendidos, é da deficiente organização do sistema, de uma débil gestão dos serviços e dos recursos, e da sobrecarga dos profissionais, muitos deles sem perspetiva de progressão na carreira.
Neste contexto, deve abordar-se a construção de um hospital novo na Figueira? Sim, numa lógica de Figueira do futuro, que inverta o paradigma da diminuição e consequente envelhecimento da população, que contrarie a sazonalidade do turismo, que promova as acessibilidades interconcelhias, até agora constrangidas.
Se queremos um concelho que cresça em oportunidades de (bom) emprego, que fixe os nossos jovens e atraia muitos outros, que seja amigo do turismo (e o “de saúde”, também, porque não?) todo o ano, que esteja dotado de uma rede de transportes que conceda a todas as pessoas um fácil, rápido, confortável, seguro e barato acesso, de acordo com as suas necessidades, torna-se evidente que é preciso um novo hospital, regional, com mais valências que respondam a estas futuras exigências.
E, enquanto se estuda esta sustentabilidade integrada, deve fortalecer-se uma parceria mais robusta entre o Hospital e a Câmara, para uma melhor prestação dos cuidados primários de saúde e de envelhecimento saudável e ativo às populações das 14 freguesias do concelho.