Receia que o concelho não passe à fase seguinte do desconfinamento?
O mundo como o conhecíamos transformou-se. Nada será igual daqui para a frente. Enquanto seres humanos estamos habituados a mudanças. Mas a rapidez com que tudo se alterou e a forma como surgiu, assusta-nos.
A defesa mais eficaz para nos proteger de um inimigo que não se vê foi o confinamento. Mas o grande problema é que não estamos “programados” para o isolamento. Tal como o ar que respiramos, precisamos de manter vivas as nossas relações familiares e sociais.
Sendo que, a gestão da nossa ansiedade tem sido um grande desafio. Estarmos nas nossas casas e só sair para questões essenciais começou a ser o nosso “normal”. Inicialmente a maioria de nós encarou, de uma forma muito compreensiva, esta situação. Era fundamental que assim fosse. A segurança em primeiro lugar.
Mas a falta daquele abraço e do contacto físico com as pessoas que fazem parte da nossa vida e a solidão, fez com que uma circunstância aceite como proteção se tornasse num tormento para muitos. Ao avançarmos para um desconfinamento, de uma forma cautelosa, como é obvio, é necessário.
Mas também tem que se ter consciência que, voltarmos aos nossos hábitos, e ao mesmo tempo, sermos “obrigados” a sair da nossa zona de conforto também não é fácil de gerir. Parece um contrassenso, mas esta dualidade faz parte.
Este processo de regresso ao nosso dia-a-dia, é difícil, mas importante que aconteça. Agora, o que me preocupa verdadeiramente, é a fragilidade em que a saúde mental se encontra. A população em geral revela-se frágil e com níveis de ansiedade elevados.
Aumenta-se, como tenho verificado, os discursos de ataque ao próximo pelo acréscimo de casos de Covid-19 e, alimentar esta “guerra” não vai resolver problemas. É essencial sensibilizar as pessoas, mas não através de um discurso de culpabilização.
O isolamento, os medos, as dificuldades económicas gritantes que muitas pessoas atravessam vão se revelar, de forma mais clara, com o desconfinamento. É crucial existir uma preocupação e modos de atuação céleres por parte da ação social local. É necessário chegar às pessoas e ajudá-las neste processo. O caminho, daqui para a frente, é ajudar quem mais precisa e reforçar a confiança.