O ensino da língua portuguesa no estrangeiro é, sem dúvida, um dos instrumentos que permite um efetivo reforço da ligação de Portugal com as nossas comunidades espalhadas pelo mundo. O paradigma tem vindo a mudar e hoje em dia as escolas comunitárias do ensino (que podem pertencer a associações ou mesmo às escolas americanas), desempenham um papel fundamental na motivação dos jovens lusodescendentes para a aprendizagem da língua portuguesa nos Estados Unidos.
Como professora de português da Escola Portuguesa de Union, em New Jersey, acredito que cada vez mais a língua portuguesa tem de ser ensinada numa perspetiva de segunda língua ou língua estrangeira. Temos que pensar que no caso dos Estados Unidos estamos a falar de uma terceira ou quarta geração de lusodescendentes, para os quais o português já quase não é falado em casa. Muitas vezes o contato dos meus alunos com a língua portuguesa é um contato passivo, apenas quando visitam Portugal ou quando comunicam com os avós. As resposta que dão são, na maior parte das vezes, dadas em inglês.
O discurso que sempre utilizo na aula baseia-se na valorização dos laços e das ligações emotivas com a lingua portuguesa mas também na valorização do seu potencial económico e sobretudo do seu potencial futuro a nível do trabalho. É uma língua de comunicação internacional cada vez mais valorizada, é a sexta língua mais falada do mundo com cerca de 260 milhões de pessoas, uma das línguas mais utilizadas quando falamos em internet e redes sociais (a par do inglês e do espanhol) e é essa a perspetiva que não só os alunos mas também os próprios pais devem ter. Não é apenas pelo facto de a família ser portuguesa, mas também porque, no futuro, os seus filhos vão falar uma segunda ou uma terceira língua que poderá fazer toda a diferença no mercado de trabalho. O potencial da língua portuguesa nos Estados Unidos é enorme e por isso no ano passado, os exames NEWL (National Examinations in Work Languages) alcançaram os melhores resultados de sempre do português.
Durante este ano letivo e por causa da pandemia, o meu trabalho semanal com a Escola Portuguesa de Union tem sido totalmente virtual. Tal como aconteceu com milhares de colegas meus espalhados pelo mundo, também eu tive de me reinventar e descobrir, com a criatividade que caracteriza o professor de Língua Portuguesa para Estrangeiros, novas formas de ensinar mas sobretudo de aprender.