A influência global e o poder construtivo da política externa dos Estados Unidos está de volta à cena internacional, e em particular, de volta à natural e necessária liderança das Américas. A cúpula de líderes sobre o clima foi o sinal inequívoco, no conteúdo e forma, do regresso dos Estados Unidos à cúpula do multilateralismo, diplomacia e cooperação como vias primordiais do desenvolvimento das nações. O sombrio capítulo isolacionista da recente história política americana afunda-se no conteúdo e na forma. Para o Palácio do Planalto aqui no Brasil, a rédea solta no desmatamento ilegal da Amazónia ficou bem mais curta. A sensação do país real depois de ouvir a “declaração verde e amarela” do país oficial na cúpula de líderes é a de que são palavras de circunstância e boas maneiras diplomáticas, o que per si já é válido, tendo em conta o conteúdo e a forma dos últimos tempos. A Amazónia volta assim, pela inércia local e força da nova liderança americana,
a estar sob atenta vigilância global e apertado controlo coercivo regional. É um primeiro movimento formal de reposição da democracia ambiental no Brasil que deve sinalizar a todos que também por aqui começa a escassear o oxigénio para o negacionismo político e científico noutras frentes. Ao contrário do que diria José Mário Branco que por estes dias volta a ser figura de proa na evocação histórica do combate anti-fascista, por aqui parece que mudaram as vontades (pelo menos as oficiais), mas ainda não mudaram os tempos.