Opinião: Alguém me pode aconselhar um médico de família?

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É uma perplexidade verificar que a faixa etária entre 25 e 49 anos de idade encontra-se actualmente vacinada, ao contrário das faixas etárias entre 50 e 64 anos de idade, bem como 65 e 79 anos de idade. As estatísticas pioram se levarmos em consideração as pessoas seguidas no privado e/ou aquelas que não tem médico de família.

Escreveu uma amiga minha, Sandra Clemente, no Expresso sobre a situação que viveu com a sua avó:

“Enquanto escrevo, está a ter uma consulta com um psicólogo pelo telefone. Uma das coisas mais terríveis da pandemia é deixar os doentes sozinhos e enlouquecer a pensar que eles vão enlouquecer por se sentirem abandonados.

O estatuto do cuidador informal em Portugal só foi aprovado em 2019, ainda está em fase piloto e foi precisa uma simplificação do procedimento em OUTUBRO de 2020 porque – mais uma coisa que o governo, ou ninguém, como gostam de dizer, não tinha previsto!, aumentaram os pedidos do estatuto no meio da pandemia!

Dilacera-me saber que a minha avó passou os últimos dias sozinha nos hospitais, e passou por tudo isto perfeitamente consciente do fim que teria. A sangue frio. Via e lia todas as notícias, com as tragédias dos lares e a morte de idosos sempre a abri-las. Esses últimos dias resumiram-se, para nós, a dois momentos: 15h: “olá, sou neta da

Maria Idalina de Magalhães, queria notícias e agendar um facetime”. 18.30h: “olá, quem é?” “a minha filha e a minha neta”, depois quase impercetível, depois só respiração com ajuda de tubos de oxigénio e o pior foi quando o telefone não tocou. Agora a vacina está, provavelmente, a chegar, mas já é tarde. Avó, espero que onde estás agora também consigas ler este artigo. Desculpa-nos por não termos feito mais e mais depressa. Amo-te.”

É muito importante e extremamente digno, enquanto sociedade, termos noção de como tratamos os mais idosos. Por isso acompanho as palavras de ontem, publicadas no Público, do coordenador do grupo de trabalho da vacinação contra a Covid-19, o militar Gouveia de Melo, que alerta para a necessidade de ajustar prioridades, para além de criticar as ainda actuais regras complexas. Citando-o: “não faz sentido ficar a maior parte à espera que vacinem todos os grupinhos.”

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