O presidente da Câmara de Leiria congratulou-se hoje com a classificação como “tesouro nacional” do esqueleto da Criança do Lapedo, conhecido como “Menino do Lapedo”, descoberto em 1998 no concelho, considerando que é um momento importante para o município.
“Congratulo-me com a classificação, em Conselho de Ministros, do esqueleto da Criança do Lapedo e os artefactos arqueológicos associados, em depósito no Museu Nacional de Arqueologia, datado do Paleolítico Superior, como ‘tesouro nacional’”, afirma Gonçalo Lopes, numa declaração escrita enviada à Lusa.
O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira o decreto que classifica diversos bens móveis como bens ou conjunto de interesse nacional, sendo-lhes atribuída a designação de “tesouro nacional”, incluindo o esqueleto da Criança do Lapedo e os artefactos arqueológicos associados, em depósito no Museu Nacional de Arqueologia, datado do Paleolítico Superior.
Dizendo-se “muito satisfeito com esta classificação”, Gonçalo Lopes salienta que “é o reconhecimento do valor patrimonial do esqueleto (quase) completo da criança do Paleolítico Superior, descoberto em Santa Eufémia, comprovando a sua singularidade em Portugal”.
“Este é um momento importante para Leiria que nos enche de orgulho, e que reconhece a importância do Lapedo. Vamos continuar a trabalhar para proteger e valorizar aquele espaço tão importante do ponto de vista científico e patrimonial”, acrescentou o autarca.
O “Menino do Lapedo” foi encontrado em 1998, no Abrigo do Lagar Velho, no vale do Lapedo, em Santa Eufémia, a cerca de 10 quilómetros de Leiria.
O esqueleto tem cerca de 29 mil anos e constituiu um acontecimento marcante no seio da paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica.
Em 2019, a Direção-Geral do Património Cultural abriu um procedimento de classificação do esqueleto da Criança do Lapedo, “cuja proteção e valorização representam valor cultural de significado para a nação”.
O pedido de classificação tinha sido avançado em dezembro de 2018, pelo Museu Nacional de Arqueologia.
Na ocasião, o arqueólogo João Zilhão, que liderou a primeira equipa que trabalhou no local do achado, o Abrigo do Lagar Velho, considerou que o pedido de classificação era positivo.
“Gostava que a classificação se transformasse em meios para continuar a investigação. Se for só ‘tesouro nacional’ e não houver meios, é só conversa. Palavras levam-nas o vento”, disse então, no final da intervenção na conferência “Menino do Lapedo – 20 anos depois”, no Museu de Leiria, na altura.