Não tenho a certeza se as eleições autárquicas serão reconhecidas como de interesse nacional; no que à política diz respeito, obviamente!
Como todos sabemos, já há muito que a discussão sobre a regionalização deveria ter sido objecto de análise. Porque, além de muitas outras razões, também sabemos e percebemos que a descentralização de competências para as autarquias, não é universalmente aceite. Sendo até, confesso, objecto de enormes desigualdades.
A discussão futura, tanto sobre a regionalização, como sobre a reforma do sistema eleitoral, vai ser dura, exigente, mas sobretudo pedagógica. É preciso acreditar!
Olhando, com olhos de ver, para o território nacional, logo percebemos que existem vilas e cidades com lógicas e gestão de freguesias, o que baixa radicalmente a sua importância. Além do mais, há muitas freguesias, pese embora a “junção” que já houve, que tendencialmente deixarão de existir.
O mundo mudou muito em poucos anos. É preciso assumir isso de forma consciente e, da mesma forma, encontrar uma plataforma comum de acordo entre os agentes políticos, a política e os cidadãos. Designa-se, futuro!
Parece-me, portanto, que estas eleições só serão importantes para quem se candidata, para os directórios dos partidos e para mais ninguém. Cada eleição vale o que vale, para não dizer que valerá pouco!
As traições pessoais, mas sobretudo a valores e princípios continuarão a existir, chame-se o candidato Mário, Maria ou Manuel.
Assim sendo, é minha convicção que a participação dos cidadãos será muito fraca – não quer dizer que a abstenção seja muito alta – porque já ninguém acredita em delegação de competências aos bochechos!
Em vários domínios do pensamento tenho muitos e variados Amigos que se rirão candidatar por convicção, por vontade intrínseca de trabalhar para o bem comum. Mas também conheço alguns que se irão sujeitar ao julgamento popular por uma lógica de aparelho, sem nenhuma convicção ou vontade própria.
Aliás, nestas eleições, o umbigo vale pouco. O valor “destas eleições” cinge-se ao facto de poderem gerar uma crise política e serem uma antecâmera da regionalização.
Espera-se que em 2025 estejamos a discutir quem será o “Presidente do Governo da Regão, perdendo o poder central a capacidade de controlar a vida social e económica das regiões.
Há países mais pequenos e com menos habitantes que já fizeram a regionalização e todos se sentem muito bem.
É preciso revitalizar a vontade do comum dos cidadãos para que voltem a acreditar que vale a pena a sua intervenção Cívica.
Mas pelo que é dado observar, será uma luta muito desigual entre a vontade e o desinteresse.
Como contrariar esta lógica? Não sei, não conheço nenhuma fórmula mágica, e também, olhando ao meu redor, não vislumbro quem o saiba propor…porque é necessário saber fazer!.
Esperemos só que a pandemia abrande e que os militantes dos partidos políticos, à falta de melhor, voltem de novo à rua, à caixa do correio e ao papel, par tentar conquistar um eleitorado desiludido.
Esta poderá ser uma forma interessante de chegar de novo às pessoas. Poderá!
Como dizia um Amigo, “só te desiludes, porque partes iludido”!