Concorda com a concessão de marina?

A Marina é uma bela e importante porta de entrada na Figueira. É uma infraestrutura que dá as boas-vindas a quem nos visita pelo mar e que por isso deve ser acolhedora. Para tal deve oferecer uma variedade de serviços técnicos e de conforto ambiciosos, sem falhas, que transmitam uma ideia de profissionalismo e de cuidado para quem fez uma longa viagem para nos obsequiar uma visita.
Em França, onde se leva a sério a importância da pesca, dos portos, das marinas, etc., há um nível de profissionalismo dos serviços oferecidos pelas marinas que tem gerado empregos e novos serviços muito qualificados, com uma componente de alta-tecnologia, atraindo jovens, aliada a uma oferta de bem-estar e de conforto aos visitantes que cria redes de fidelidade entre as marinas e mareantes.
O sucesso das marinas em França é tal que existe uma escassez de estacionamento (para os meses de inatividade) para embarcações em todo o litoral francês ao ponto de algumas marinas oferecerem tempos de espera para libertação de um lugar de cerca de 4 a 5 anos, a preços extremamente elevados. E estamos a falar na maioria dos casos de lugares em seco, entrepostos onde são empilhados barcos de recreio em estruturas metálicas verticais.
Esta escassez de lugares livres para guardar embarcações de recreio durante os meses de inatividade leva muitos proprietários a procurar marinas do norte de Espanha como alternativa. Certamente, se a Figueira e outras marinas portuguesas oferecessem um bom serviço, muitos proprietários franceses não hesitariam em deixar a embarcação em Portugal. Mas não é com amadorismo, com desleixo e falta de estratégia que atraímos mareantes ou clientes de outras latitudes.
A importância de uma infraestrutura deste tipo, tal como o porto, a lota ou os parques industriais, obrigam a que estejam sob a tutela pública obedecendo a uma estratégia de desenvolvimento concelhia e regional. Podem e devem contribuir para o desenvolvimento local. Para isso é preciso vontade política e profissionalismo. Uma concessão é na minha leitura uma forma de desresponsabilização da autarquia.