Opinião: Ganhem mas é VERGONHA

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A TAP é um bom exemplo da demagogia da “esquerda” tipo Geringonça, que tem sempre a liberdade e a democracia na ponta da língua, assim como a defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras, da Escola Pública e do SNS, mas que na verdade vive presa em castelos de cartas ideológicos que em muito prejudicam o país e os Portugueses. No meio de uma pandemia, o SNS e a Escola Pública ficaram sob enorme pressão. Percebeu-se que o país, muito por culpa de uma classe política presa em fantasmas do passado, não foi previdente, não se preparou para uma mais que previsível 3ª vaga e não tomou as medidas necessárias para que a infeção fosse controlada. Não foram só os excessos do Natal e do Ano Novo, mas antes uma cultura de irresponsabilidade, falta de exemplo e de propósito, que impediu que o pragmatismo e a boa gestão do interesse público fossem capazes de prevalecer. Não se deu exemplo, permitiram-se todo o tipo de eventos, que, apesar de a sua realização colocar em risco a saúde dos portugueses e contribuírem para o clima de relaxamento que agora se considera responsável pelo descalabro de janeiro de 2021, não podiam ser adiados ou suspensos porque isso colocava em risco a democracia que, afinal, não estava suspensa. Mas, muito mais grave do que isso, não se cuidou daquilo que era essencial: a capacidade de prestar auxílio aos mais frágeis e a capacidade de manter o sistema educativo em funcionamento. Não só porque a educação é talvez a nossa maior obrigação, mas também porque o nosso futuro coletivo depende da qualidade da educação que oferecemos a todos os nossos concidadãos, independentemente da condição social ou qualquer outra diferença.
Nada foi acautelado. Nem as condições de funcionamento, presencial ou remoto, nem a capacidade que o país teria para, em caso de confinamento, garantir que poderia, com dificuldades, mas com segurança, garantir as condições de ensino a todos. Os prometidos computadores não apareceram, os prazos que antes tinham sido solenemente garantidos, eram agora simples promessa vã, e as dificuldades financeiras, operacionais e de organização eram bem evidentes.
No entanto, para manter uma empresa falida (TAP), contra toda a racionalidade, o Estado não hesitou em fazer de todos nós seus acionistas. Deixar morrer uma empresa que chegou a um ponto de insus-tentabilidade é somente o que deve ser feito. Quer dizer, deve ser feito por esse mundo fora, mas não em Portugal. Aqui, a “esquerda” quis, por questões ideológicas, pagar milhões para a manter ligada às máquinas. Em 2020, já depois do verão, o Estado injetou 1200 milhões de euros na empresa. Pelo meio, mais nada fez. Não reestruturou, não dispensou, não reviu a operação, não reduziu cola-boradores, isto é, deixou andar. Os 1200 milhões voaram com muita facilidade. Agora, em 2021, o morto-vivo precisa de mais 500 milhões de euros. Ou seja, perdemos todos cerca de 3 milhões de euros por dia porque uma certa “esquerda” se recusa a viver num mundo em que as empresas nas-cem, vivem e morrem, e em que os interesses dos contribuintes se defendem com a garantia de serviços de qualidade e que se baseiam em operações sustentáveis. Nada disso, tirando duas ou três áreas estratégicas de serviços essenciais, exige que esses serviços sejam realizados por entidades públicas, nomeadamente quando estas não passam de autênticos buracos financeiros onde alguns têm profissões douradas à custa de todos os outros contribuintes. As escolas estão em confinamento, as famílias não têm apoio para ajudar os seus filhos, mesmo quando estão em teletrabalho, não existem condições técnicas em muitos agregados familiares para o ensino à distância, mas, por falta de recursos e de planeamento, o Governo falhou e continuará a falhar na criação dessas condições. O SNS colapsou, há falta de recursos humanos e equipamento, o planeamento foi muito deficiente e, por muito que nos esforcemos, as condições financeiras não permitem fazer melhor. Certo? Errado. Para a TAP, como antes para o BES, Novo Banco, BPN, CGD, Banif, entre outros, haverá sempre dinheiro para não deixar que certa “esquerda” perca a cara, confesse a sua incompetência e desinteresse pela vida dos seus concidadãos e, no essencial, invente narrativas, polvilhadas de pretensas lutas antifascistas e pela liberdade, com e sem lábios vermelhos, que não são mais do que vergonhosas demonstrações de incapacidade. E a direita é melhor? Não. Na verdade, estamos num interregno que tem tanto de perigoso como de incompreensível. É que a democracia do 25 de Abril fez-se de reação e de tomada de iniciativa e o que vemos é um país amorfo, calado, resignado e à espera que o vazio seja preenchido. Ganhem mas é vergonha.

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