Por uma única vez, escreverei sobre a Eleição Presidencial.
As redes sociais estão invadidas por “gente” que se permite comentar opções várias, sem nunca ninguém ter lido alguma coisa com substância da sua parte.
Parecem daqueles, escondidos atrás da moita, sempre dispostos a larachar. É o delírio e um deleite lê-los agora em pandemia, porque já me irrita assistir aos vários canais informativos. É um exercício de paciência, lá isso é, mas também de lucidez.
Não analiso cada um dos candidatos porque, sabendo-se – os mais atentos e críticos – qual o candidato que apoio de forma convicta, poderia cair na tentação de o valorizar em detrimento de outros.
Todos me merecem o maior respeito democrático.
Assusta-me que, alguém que se intitula democrata, queira retirar voz, mesmo a um candidato que pouco se revê na liberdade de expressão. É que, lamentavelmente, se o candidato da direita radical tem voz e importância, a essa mesma voz, e a algumas outras, tem de agradecer. Mas eu não!
Quando um candidato se arroga ao direito de, ao mesmo tempo que tenta calar uma voz, afirma despudoradamente que o Primeiro-Ministro António Costa utiliza argumentos do neo-fascista húngaro…é de andar aos tombos! Troglodita lá…troglodita cá?
A candidatura de direita radical é condenada por toda a direita, sem que dela fale. É uma dimensão estratégica correcta depois da barracada dos Açores!
Alguma esquerda, esgota-se em afirmar que deseja uma candidatura que que se classifique em 2º. lugar…mesmo que seja o primeiro dos últimos!
Percebi agora, que numa eleição presidencial existe um pódio! Uma novidade…e que novidade!
O radicalismo só existe se a democracia não funcionar.
Qualquer cidadão – mesmo não radical – fica ofendido com a perseguição aos jornalistas atentatória da liberdade de informar. A justiça que é um pilar da democracia, não pode, em nome de coisa nenhuma, tomar atitude de os espiar. A justiça dever-se-à regular a si própria, para o poder político não cair na tentação de a controlar! Isso seria um regresso ao Estado Novo de má memória. Poderei até sintetizar que, a serem verdadeiras as sondagens, estaremos perante um pódio com 3 populistas, diferentes e diferenciados é certo, mas populistas!
Grave eleição presidencial, que se deveria pautar por uma discussão política profunda, apontando caminhos para a nossa democracia, preocupando-se apenas com questões laterais.
A democracia não está em causa, nem com o candidato radical a candidatar-se!
Qualquer cidadão comum fica ofendido com a corrupção que grassa na sociedade portuguesa.
Qualquer cidadão comum e informado, fica ofendido com o retalho do País.
Há vozes em todos os partidos que se manifestam, inclusivamente, contra o controlo da consciência dos seus militantes. É grave para a democracia, não ter mulheres e homens livres.
O Estado português funciona de forma regular – orçamento aprovado – porque dois partidos diferentes se entenderam naquilo que não era ofensivo para nenhum deles. Em questões, diga-se, que não violavam a sua identidade.
Negociar é diferente de chantagear. Por tal, os conscientes utilizam uma forma, e os inconscientes, outra!
Em 1975 gente houve que esteve na primeira linha contra a ofensiva comunista – 1989 deu-nos razão – enquanto outros se refugiavam em casa.
Portugal evoluiu. E quem diria que, 46 anos depois seria PCP a viabilizar um Orçamento Geral de Estado num governo PS e socialista!
Ser grato é um dever cívico. Diria mesmo, de educação cívica. Que em política não tem significado, mas na relação entre pessoas e Estados deverá ter!