Tempo de ano novo, de recomeços, de reinícios, de voltar a acreditar que será possível ser e fazer melhor. Não é ciência, não é futurismo, não astrologia… é um acreditar, um desejo, uma espécie de fé.
Nos primeiros dias do ano, a Igreja celebra a Epifania e a sociedade civil o dia de Reis. Gosto de pensar que a vida poderá ser uma espécie de ‘colocar-se’ a caminho como os magos. Podemos chegar a Belém, que significa ‘casa do pão’, como pastores, mas também podemos chegar como magos. Proponho esse caminho.
1. Um caminho para todos. Os magos representavam todos os continentes (então conhecidos), todas as culturas, todas as tradições. Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia, e Baltazar, rei da Arábia. Um caminho para todas as pessoas (crentes, não crentes, praticantes, não praticantes…). Esta ‘casa de pão’ não é património exclusivo, nem direito adquirido.
2. Levantar os olhos do chão. Trata-se de ver para além do quotidiano, para além da rotina, para além do evidente. Olhar para o alto e ver uma estrela diferente das outras. Aprender a ver os sinais, como os magos. Gente que busca e gente que procura. Gente que não se contenta com o já alcançado.
3. Ter gestos concretos. Os magos viram a estrela e colocaram-se a caminho. Não escreveram uma tese sobre o assunto, nem organizaram um congresso de astrónomos, nem ficaram a discutir pontos de vista. Simplesmente, colocaram-se a caminho. Desacomodaram-se e arriscaram. A esperança conjuga-se com gestos concretos revestidos de coragem.
4. Não desistir nas dificuldades. Cada caminho tem os seus problemas. Parece que os magos deixaram de ver a estrela quando chegaram a Jerusalém. O cansaço, a vontade de desistir, o medo… leva-nos a Herodes, à escuridão, à inveja, às falsas promessas, às pessoas erradas. Há muitos Herodes disfarçados de ‘cordeiros’ e de bem-feitores!
5. Retomar o caminho. Não ceder ao mais fácil e arriscar ‘profundidade’. Tantas vezes e em tantos projetos confundimos Jerusalém com Belém, poder com partilha, segurança com existência, sucesso com autenticidade… Entre estas duas cidades são apenas 9km! Mas fazem toda a diferença!
6. Celebrar os encontros. Retomado o caminho chegaram a Belém. Encontraram o menino e fizeram festa, deram presentes e celebraram o encontro. Incenso, ouro e mirra… Deus, Rei, Homem… céu, serviço e terra. Não ficaram a queixar-se das dificuldades sentidas, das condições dos caminhos, da falta de sinalização… Simplesmente perceberam a importância de um encontro.
7. Viver com entusiasmo e esperança partilhada. Encontrado o menino numa manjedoura é tempo de regressar a casa, ao trabalho, ao quotidiano, mas agora de outra maneira… ‘forrados a esperança’, transfigurados de plenitude e cheios de entusiasmo. Regressaram juntos… porque as grandes conquistas são sempre partilhadas.
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