Passado o Natal, que espero tenha da melhor forma possível, chega o período de transição do “ano velho” para o “ano novo”. Esta é tradicionalmente uma época de reflexão em que se decidem as 12 promessas, ou resoluções, que irão acompanhar as 12 passas de uvas, ao ritmo das últimas 12 badaladas do ano.
Será justo para o Planeta Terra que se lhe dedique pelo menos uma dessas resoluções. Poderá prometer-se reduzir o consumo de energia elétrica, economizar água, favorecer o uso de transportes públicos ou produzir menos resíduos, entre várias outras formas de redução do nosso impacte individual no Planeta. No entanto, porque o número de resoluções é limitado, podemos traduzir tudo isto num único compromisso para o novo ano – reduzir a pegada ecológica.
A World Wide Fund for Nature (WWF) descreve “pegada ecológica” como um indicador de sustentabilidade ambiental que traduz o impacte da nossa atividade, medido em termos de área biologicamente produtiva de terra e água necessária para a produção dos bens que consumimos e para a assimilação das nossas emissões e dos resíduos que produzimos. Assim, quem no seu estilo de vida utiliza mais recursos do Planeta, seja para consumo de bens, seja para emissão de poluentes, tem associada uma maior pegada ecológica.
O Relatório do Planeta Vivo 2020 indica que, com uma pegada ecológica média de 2,8 hectares por pessoa, necessitamos de 1,7 Planetas Terra para fazer face ao nosso estilo de vida. Ou seja, globalmente estamos a consumir mais 70% do que o tanto que a Terra nos disponibiliza. Em Portugal a situação é ainda mais alarmante. Com uma pegada ecológica individual média de 4,1 hectares, o relatório de 2020 da WWF indica que necessitaríamos de 2,5 vezes o Planeta Terra para mantermos o estilo de vida médio de cada Português.
Claro está que podemos sempre colocar as responsabilidades nos políticos, nos industriais ou noutros famigerados seres que dão cabo do nosso Planeta, mas está na hora de olharmos para nós próprios. Já é tempo de cada um de nós começar a fazer contas à vida, tentando perceber de que forma, a partir do novo ano, poderá tornar o seu estilo de vida ambientalmente mais sustentável. Por estranho que pareça, esta mudança nem sempre nos obriga a gastar mais dinheiro, a reduzir o nosso conforto ou a diminuir a nossa qualidade de vida.
Uma estratégia para tornarmos a nossa existência mais sustentável, ou menos insustentável, poderá passar por determinarmos a nossa pegada ecológica. Uma procura simples num motor de pesquisa na internet permite-nos chegar a vários simuladores de cálculo que incluem questionários sobre os nossos hábitos quotidianos.
Não se assuste nem deprima porque o mais provável é que o seu estilo de vida seja ambientalmente insustentável – o importante é seguir no rumo certo. Estes mesmos websites dão variadas sugestões que lhe permitem reduzir a sua pegada ecológica, embora uma prática introspetiva seja a fonte de propostas que melhor se adaptam a si.
Enfim, desejo que entre no ano de 2021 com o pé direito, deixando uma pegada ecológica na direção da sustentabilidade ambiental.