Opinião: A falta de transparência da UE

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O Papa Francisco doou 100 mil euros para erguer dois postos de saúde para mais de 650 mil deslocados sem habitação, nem alimentos, da violência em Cabo Delgado, que já ceifou 2.000 vidas, desconhecendo-se até hoje a origem dos ataques contra a população civil no norte de Moçambique.
Este gesto solidário, evidencia o fracasso das autoridades moçambicanas em responder às necessidades da população e partilhar os recursos naturais, assim como em lidar com as raízes do conflito, que incluem défices de governação, abusos de direitos humanos e contestação de recursos, na óptica da diplomacia sul-africana.
Acontece que, enquanto apela à ajuda da comunidade internacional, o Presidente Filipe Nyusi está a recorrer desde Setembro de 2019 a empresas militares privadas para combater o “terrorismo” em Cabo Delgado, sem prestar contas aos cidadãos a coberto de segredo do Estado.
Segundo o Centro de Integridade Pública de Moçambique, o Governo de Nyusi já gastou também, pelo menos, 1,2 milhões de euros na Justiça sul-africana desde Julho de 2019, para extraditar o seu ex-ministro das Finanças, Manuel Chang, preso há dois anos na África do Sul, a pedido dos Estados Unidos, por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro numa burla internacional de cerca de dois mil milhões de euros, no chamado caso das dívidas ocultas.
A União Europeia (UE), anunciou em Agosto de 2019 a atribuição de 60 milhões de euros durante a assinatura do novo Acordo de Paz e subscreveu em Novembro deste ano, também com o Governo moçambicano, um apoio direto ao Orçamento de Estado de 100 milhões de euros, por dois anos, suspenso desde 2016 devido às dívidas ocultas e agora retomado por causa da covid-19.
Importa por isso que, em nome da transparência internacional, a UE explique a verdadeira origem da violência e, principalmente, a aplicação na gestão pública moçambicana dos fundos dos contribuintes europeus.

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